Amemos nossos Bispos

 Por Pe. Gaspar S. C. Pelegrini

Um sinal distintivo de um bom católico é o amor que tem a seu Bispo e a todos os Bispos da Santa Igreja, vendo em cada um deles um sucessor dos Apóstolos. Este amor culmina naquele que é o sucessor de Pedro e guia a Igreja inteira, o Santo Padre o Papa.

Mas falemos hoje de nosso amor aos Bispos.

É bem comum encontrar hoje sites, blogs, publicações diversas, que se dizem católicos, mas que primam pelo desprezo e irreverência para com os Bispos. Blogs e sites que se alegram quando podem publicar alguma notícia, alguma atitude pouco louvável de algum bispo, alguma foto, etc. Conheço blogs e pessoas que publicam isso com gosto, com alegria, como se fosse uma boa notícia, pessoas que dizem amar a Igreja piadinhas com os Bispos.

E me pergunto: é católico de verdade quem age assim?

Mas deixemos isso de lado, e falemos do amor que nós, os católicos, nos orgulhamos de ter por nossos amados pastores.

E por que amamos nossos Bispos?

Pelo que eles são na Igreja e para a Igreja. Vejamos alguns dos ofícios que lhes competem e que nos mostram a sua missão na Igreja. Assim entenderemos ainda melhor o quanto devemos amá-los de todo coração.

1-      O Bispo é o Pastor.

Pastor que conhece, se dedica a suas ovelhas e protege.

Como pastor, ele ensina, governa e santifica o rebanho.

Ele nos ensina: A palavra do Bispo é uma palavra sagrada. Ele fala com a autoridade de Jesus. O padre de certo modo, é um repetidor do que os Bispos ensinam.

“Se o dever de anunciar o Evangelho é próprio de toda a Igreja e de cada um dos seus filhos, pertence a título especial aos Bispos, que no dia da sagrada Ordenação, assumem como compromisso principal o múnus de pregar o Evangelho, e pregá-lo ‘com a fortaleza do Espírito chamando os homens à fé ou confirmando-os na fé viva’.”  (João Paulo II, Pastores Gregis)

Ele nos governa: é ele que nos provê de padres. É ele que toma as decisões. É ele que guia o rebanho que lhe é confiado. Os padres são seus auxiliares, seus ajudantes. Mas tudo depende do Bispo e passa por ele.

Ele nos santifica: com os sacramentos e sacramentais: a crisma, as ordenações, as cerimônias reservadas a ele, próprias do Pastor: a dedicação das igrejas, dos altares, a sagração dos Santos Óleos, etc.

“A santificação do cristão realiza-se na regeneração batismal, é corroborada pelos sacramentos da Confirmação e da Reconciliação e alimentada pela Eucaristia, o bem mais precioso da Igreja. O ministro desta santificação, que se propaga na vida da Igreja, é o Bispo, sobretudo por meio da Liturgia sagrada”. (Pastores Gregis)

2- Ele é um servo do Evangelho.

Ele é o guardião da fé. Ele prega o que Jesus ensinou. Sto. Antonio Ma. Claret dizia que sua vida foi “um serviço de amor ao Evangelho”. Esta é a vida do Bispo. Como servo do Evangelho, o Bispo, seguindo seu Mestre, também sofre por causa Reino. E quantas incompreensões!

3- O Bispo é o Profeta da Esperança.

Num mundo sem esperança, o Bispo em sua Diocese anuncia, prega a esperança fundada em Jesus Cristo e em sua Igreja.

Em suas visitas pastorais às mais diversas comunidades e locais, o Bispo representa um sinal de esperança para o rebanho. Quanto conforta o povo a visita de seu Bispo! Isso porque ele é uma “testemunha da esperança”, como dizia o Cardeal Van Thuan.

Falando das visitas pastorais, o Beato João Paulo II escreveu: “Este é o momento em que o Bispo mais de perto exerce a favor do seu povo o ministério da palavra, da santificação e da guia pastoral, entrando em contato mais direto com as angústias e preocupações, as alegrias e as expectativas do povo, podendo dirigir a todos um convite à esperança.” (João Paulo II, Pastores Gregis)

 4- O Bispo é o arauto da caridade.

Como imagem viva de Cristo Bom Pastor, o Bispo nos lembra o amor de Cristo por nós e nos leva a amar o nosso próximo como Jesus nos amou.

Um grande exemplo de mensageiro da Caridade temos em nosso amado Papa emérito Bento XVI, que proclamou e convocou os bispos todos a proclamarem ao mundo inteiro que Deus é Amor.

 5- O Bispo é um novo Moisés. Uma imagem bíblica, que parece particularmente adequada para ilustrar a figura do Bispo como amigo de Deus, pastor e guia do povo, é a figura de Moisés. Fixando-o, o Bispo pode tirar inspiração do seu ser e agir de pastor, escolhido e enviado pelo Senhor, seguindo corajosamente à frente do seu povo a caminho da terra prometida, intérprete fiel da palavra e da lei do Deus vivo, mediador da Aliança, insistente e confiante na oração pela sua gente”. (Pastores Gregis)

Assim, como novo Moisés, ele vai à frente de seu povo. Ele cuida de tudo em seu rebanho: das paróquias, dos religiosos, das diversas pastorais, dos movimentos, das obras de assistência aos pobres e necessitados.

Ele vela pelo Seminário. Aliás, o Seminário, como bem lembrava o Papa João Paulo II, é a pupila dos olhos do Bispo: não há obra mais importante para um bispo que seu Seminário. Esta é sua maior preocupação e o objeto principal de sua solicitude. O bispo, dedicando-se a formar e conservar bons sacerdotes, através deles, fará todo o resto.

6- O Bispo é imagem da Trindade:

– Imagem do Pai: Segundo Santo Inácio de Antioquia, o Pai é como que o Bispo invisível, o Bispo de todos. Por conseguinte, cada Bispo ocupa o lugar do Pai, devendo, em virtude precisamente d’Aquele que representa, ser reverenciado por todos. Por isso, por exemplo, beijamos a mão ou o anel do Bispo, como a mão do Pai que nos ama e nos dá a vida.

– Imagem do Filho: Cristo é a manifestação da presença misericordiosa do Pai entre os homens. O Bispo, agindo em lugar e em nome de Cristo, torna-se, na Igreja a ele confiada, sinal vivo do Senhor Jesus, Pastor e Esposo, Mestre e Pontífice da Igreja. Como Jesus, ele é o Bom Pastor, ele governa com as qualidades do Bom Pastor.

– Imagem do Espírito Santo: É através do ministério do bispo que o Espírito realiza sua obra em nós, pois ao bispo é confiada de um modo único a grande obra da Santificação das almas. Ele foi ungido pelo Espírito Santo para este fim.

7- O Bispo é um dos Doze Apóstolos: Cada bispo de alguma forma vem de um dos doze Apóstolos. Se fizermos sua “genealogia”, tem que terminar em um dos Doze. Como Jesus confiou o cuidado da Igreja aos Apóstolos, tudo na Igreja gira em torno do Bispo e ele vive em função de todas as atividades da Igreja. Quando o bispo vai a uma cerimônia, a um evento, ele não vai para enfeitar, ou prestigiar. Não. Ele está lá, como o pastor que acompanha o seu rebanho. É um Apóstolo que está ali.

Nossa gratidão para com os Bispos

Em geral nós nos lembramos muito de ser reconhecidos a nossos padres. Muito mais, devemos ser gratos aos nossos Bispos.

O padre nos dá os sacramentos: o bispo nos dá a garantia de que não ficaremos sem os padres: pois só ele pode ordenar.

O bispo tem um coração imenso: o padre se entrega a uma paróquia, a uma obra. O bispo se dedica a todas as obras existentes em sua diocese, em sua Igreja particular.

Ele é nosso elo de ligação com o Santo Padre o Papa. Foi o Papa que nos mandou o Bispo.

Conclusão

Termino este texto que escrevi de coração, citando umas palavras do Beato João Paulo II, que eu gostaria de poder dizer a cada um dos Bispos da Santa Igreja, como sinal de gratidão pelo que eles fazem por nós todos:

 “A ti, venerando irmão, repito o convite: Duc in altum! Antes, é o próprio Cristo que o repete aos sucessores daqueles Apóstolos que ouviram este convite diretamente d’Ele e, fiando-se n’Ele, partiram para a missão pelas estradas do mundo: Duc in altum (Lc 5, 4).

Duc in docendo! “Prega a palavra – diremos com o Apóstolo –, insiste oportuna e inoportunamente, repreende, censura e exorta com bondade e doutrina” (2 Tim 4, 2).

 Duc in sanctificando! As redes, que somos chamados a lançar no meio dos homens, são antes de mais nada os sacramentos de que tu és o principal dispensador, regulador, guarda e promotor…

Duc in regendo! Como pastor e verdadeiro pai, ajudado pelos sacerdotes e demais colaboradores, tens a missão de congregar a família dos fiéis e nela fomentar a caridade e a comunhão fraterna. Embora seja uma missão árdua e extenuante, não percas a coragem. Com Pedro e os primeiros discípulos também tu deves renovar confiante a tua sincera profissão de fé: Senhor, “à tua palavra lançarei as redes” (Lc 5, 5)! À tua palavra, ó Cristo, queremos servir o teu Evangelho para a esperança do mundo!

… Sobre esta tua tarefa invoco a intercessão da Virgem Maria, Mãe da Igreja e Rainha dos Apóstolos. Ela, que no Cenáculo sustentou a oração do Colégio Apostólico, te obtenha a graça de nunca faltar à dádiva de amor que Cristo te confiou”. (Beato João Paulo II, Pastores Gregis)

Senhores Bispos, muito obrigado! Nós os amamos de todo coração!