Liturgia Dominical – † Domingo dentro da oitava do Natal

« Liturgia Dominical » † Solenidade da Epifania branco – 2a. classe.

« Hoje o mundo reconheceu Aquele que a Virgem deu à luz… (BR.)

Intróito / ECCE ADVÉNIT — Malaquias 3.1; I Crônicas 29.12; Salmo 71.1

Canto solene de entrada, o Introito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia. Compunha-se antigamente duma antífona e de um salmo, que se cantava por inteiro. Hoje o salmo está reduzido a um só versículo.

Ecce, advénit dominátor Dóminus: et regnum in manu eius et potéstas et impérium. Ps. Deus, iudícium tuum Regi da: et iustítiam tuam Fílio Regis. ℣. Glória Patri.

Eis que aí vem o soberano Senhor; em sua mão está o Rei­no, o Poder e o Império. Sl. Ó Deus, dai o vosso julgamento ao Rei; e a vos­sa justiça ao Filho do Rei. ℣. Glória ao Pai.

Oração (Colecta)

Numa breve oração, o celebrante resume e apresenta a Deus os votos de toda a assembleia, votos estes sugeridos pelo mistério ou solenidade do dia.

Deus, qui hodiérna die Unigénitum tuum géntibus stella duce revelásti: concéde propítius; ut, qui iam te ex fide cognóvimus, usque ad contemplándam spéciem tuæ celsitúdinis perducámur. Per eundem Dominum nostrum Iesum Christum.

Ó Deus, que no dia de hoje manifestastes o vosso Unigénito aos gentios, guiados por uma estrela, concedei propício, que, conhecendo-Vos pela fé, cheguemos também a contemplar o Esplendor de vossa Majestade. Pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo.

Epístola Extraída do profeta Isaias 60. 1-6

O Profeta refere-se a Jerusalém. A imagem é inspirada no espetáculo que oferece, todas as manhãs, a Cidade Santa: iluminada pelos primeiros raios do sol, dir-se-ia um foco radiante de luz. Jerusalém, figura da Igreja, tornar-se-á a « luz das Nações »; de todos os lados, reis e povos a ela acorrerão, atraídos pelo brilho da sua glória.

Surge, illumináre, Ierúsalem: quia venit lumen tuum, et glória Dómini super te orta est. Quia ecce, ténebræ opérient terram et caligo pópulos: super te autem oriétur Dóminus, et glória eius in te vidébitur. Et ambulábunt gentes in lúmine tuo, et reges in splendóre ortus tui. Leva in circúitu óculos tuos, et vide: omnes isti congregáti sunt, venérunt tibi: fílii tui de longe vénient, et fíliæ tuæ de látere surgent. Tunc vidébis et áfflues, mirábitur et dilatábitur cor tuum, quando convérsa fúerit ad te multitúdo maris, fortitúdo géntium vénerit tibi. Inundátio camelórum opériet te dromedárii Mádian et Epha: omnes de Saba vénient, aurum et thus deferéntes, et laudem Dómino annuntiántes.

1Levanta-te, Jerusalém, e resplan­dece, porque já veio a tua luz, e a glória do Senhor nasceu sobre ti. 2Porque eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos, mas sobre ti se levanta o Senhor e em ti se manifesta a sua glória. 3E as nações caminham ao fulgor de tua luz, e os reis, ao esplendor de tua aurora. 4Ergue os olhos em derredor e vê: todos os povos se congregam e vêm a ti; teus filhos vêm de longe e tuas filhas surgem de todos os lados. 5Então, verás e transbordarás de alegria, teu coração se mara­vilhará e se dilatará, quando a ti vier a multidão de além dos mares, e os grandes dentre os pagãos se acer­carem de ti. 6Serás como inundada pela afluência de camelos e dromedários de Madian e Efa; todos virão de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando os louvores do Senhor.

Gradual / Isaías 60. 6, 1

Gradual e Aleluia, são cantos intercalares, por via de regra, tirados dos salmos e que traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou sugeridos pelo Mistério do dia.

Omnes de Saba vénient, aurum et thus deferéntes, et laudem Dómino annuntiántes. ℣. Surge et illumináre, Ierúsalem: quia glória Dómini super te orta est.

Todos virão de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando os louvores do Senhor. ℣. Levanta-te, Jerusalém, e resplandece, porque a gló­ria do Senhor se levantou sobre ti.

Aleluia / Mateus 2. 2

“Aleluia” é um grito de júbilo, que significa: “louvai ao Senhor”.

Allelúia, allelúia. ℣. Vídimus stellam eius in Oriénte, et vénimus cum munéribus adoráre Dóminum. Allelúia.

Aleluia, aleluia. ℣. Vimos a sua estrela no Oriente, e viemos com presentes adorar o Senhor. Aleluia.

Evangelho segundo São Mateus 2. 1-12

« Aquele que os Magos adoraram, menino num presépio, adoremo-Lo nós, onipotente nos Céus; e do mesmo modo que os Reis o presentearam com seus tesouros, presenteemo-Lo também, em nossos corações, com ofertas dignas de Deus » (S. Leão, em Matinas).

Cum natus esset Iesus in Béthlehem Iuda in diébus Heródis regis, ecce, Magi ab Oriénte venerunt Ierosólymam, dicéntes: Ubi est, qui natus est rex Iudæórum? Vidimus enim stellam eius in Oriénte, et vénimus adoráre eum. Audiens autem Heródes rex, turbatus est, et omnis Ierosólyma cum illo. Et cóngregans omnes principes sacerdotum et scribas pópuli, sciscitabátur ab eis, ubi Christus nasceretur. At illi dixérunt ei: In Béthlehem Iudae: sic enim scriptum est per Prophétam: Et tu, Béthlehem terra Iuda, nequaquam mínima es in princípibus Iuda; ex te enim éxiet dux, qui regat pópulum meum Israel. Tunc Heródes, clam vocátis Magis, diligénter dídicit ab eis tempus stellæ, quæ appáruit eis: et mittens illos in Béthlehem, dixit: Ite, et interrogáte diligénter de púero: et cum invenéritis, renuntiáte mihi, ut et ego véniens adórem eum. Qui cum audíssent regem, abiérunt. Et ecce, stella, quam víderant in Oriénte, antecedébat eos, usque dum véniens staret supra, ubi erat Puer. Vidéntes autem stellam, gavísi sunt gáudio magno valde. Et intrántes domum, invenérunt Púerum cum María Matre eius, hic genuflectitur ei procidéntes adoravérunt eum. Et, apértis thesáuris suis, obtulérunt ei múnera, aurum, thus et myrrham. Et re sponso accépto in somnis, ne redírent ad Heródem, per aliam viam revérsi sunt in regiónem suam.

1Tendo Jesus nascido em Belém de Judá, nos dias do Rei Herodes, eis que do Oriente vieram uns Magos a Jerusalém, 2perguntan­do: Onde está o recém-nascido, Rei dos Judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-LO. 3Ouvindo isto, o rei Herodes turbou-se e com ele toda a Jerusalém. 4E convocando todos os príncipes dos sa­cerdotes e os escribas do povo, indagava deles onde o Cristo nasceria. 5E eles disseram: Em Belém de Judá1, porque assim está escrito pelo Profeta: 6E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais cidades de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de governar o meu povo de Israel. 7Então Herodes, chamando secretamente os Magos, inquiriu cuidadosamente deles o tempo em que lhes aparecera a estrela. 8E enviando-os a Belém, disse-lhes: Ide e per­guntai diligentemente pelo Menino, e assim que O achardes, fazei-mo saber para que eu vá também e O adore. 9Tendo eles ouvido as palavras do Rei, foram-se. E eis que a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até que chegando, parou sobre o lugar em que estava o Menino. 10Vendo a estrela, exultaram com grandíssima alegria. 11E entraram na casa, e acha­ram o Menino com Maria, sua Mãe [aqui todos se ajoelham] e, prostrando-se, O adoraram. E abertos os seus tesouros, ofereceram-Lhe como presentes: ouro, incen­so e mirra. 12E, sendo avisados em sonho que não voltassem a Herodes, regressaram por outro caminho a seu país.

1 Miqueias 5. 1

CREDO…

Concluímos a Ante-Missa com essa profissão de fé.

Breve compêndio das verdades cristãs e Símbolo da fé católica. Com a Igreja, afirmemo-las publicamente e renovemos a profissão de fé que fizemos no Batismo.

Ofertório / Salmo 71. 10-11

Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito. Três elementos o constituíam antigamente: apresentação das oferendas, canto de procissão, oração sobre as oblatas.

Reges Tharsis, et ínsulæ múnera ófferent: reges Arabum et Saba dona addúcent: et adorábunt eum omnes reges terræ, omnes gentes sérvient ei.

Os reis de Társis e das ilhas oferecer-Lhe-ão presentes; os reis da Arábia e de Sabá trarão donativos; adorá-Lo-ão todos os reis da terra e os povos todos O servirão.

Secreta

É a antiga « oração sobre as oblatas », ponto de ligação entre o Ofertório e o Cânon. É neste último que se faz propriamente a oblação do sacrifício.

Ecclésiæ tuæ, quǽsumus, Dómine, dona propítius intuere: quibus non iam aurum, thus et myrrha profertur; sed quod eisdem munéribus declarátur, immolátur et súmitur, Iesus Christus, fílius tuus, Dóminus noster: Qui tecum vivit et regnat.

Nós Vos suplicamos, Senhor, olhai propício para as ofertas de vossa Igreja, que não mais Vos ofere­ce ouro, incenso e mirra, porém Aquele mesmo que estes dons simbolizam e que é agora imolado e recebi­do como Alimento, Jesus Cristo, vosso Filho, Nosso Senhor, que, sendo Deus, convosco vive e reina.

Communio / Mateus 2. 2

Alternando com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão dos fiéis.

Nas Missas cantadas, se canta, enquanto o sacerdote toma as abluções e recita as orações seguintes em que se pedem para a alma os frutos da Comunhão.

Vídimus stellam eius in Oriénte, et vénimus cum munéribus adoráre Dóminum.

Vimos a sua estrela no Oriente, e viemos com presentes adorar o Senhor.

Postcommunio

Súplica a Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.

Præsta, quǽsumus, omnípotens Deus: ut, quæ sollémni celebrámus officio, purificátæ mentis intellegéntia consequámur. Per Dominum nostrum Iesum Christum.

Fazei, nós Vos pedimos, ó Deus onipo­tente, que alcancemos com inteligência e pureza de alma o Mistério que celebramos com tão festivo ofício. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Meditação

A Epifania

Ó pequenino Jesus, em Vós reconheço o Rei dos céus e da terra: fazei que eu Vos possa adorar com a fé e o amor dos Magos.

1 — « Hoje o mundo reconheceu Aquele que a Virgem deu à luz… Hoje refulge a festa da Sua manifestação » (BR.). Hoje Jesus manifesta-Se ao mundo como Deus.

O Intróito da Missa introduz-nos diretamente neste espírito, apresentando-nos Jesus na majestade real da Sua divindade: « Eis que veio o soberano Senhor: Ele tem nas Suas mãos o cetro, o poder e o império ». A Epístola (Is. 60, 1-6) prorrompe num hino de glória anunciando a vocação dos gentios à fé; também eles reconhecerão e adorarão em Jesus o seu Deus. « Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque veio a tua luz… E as nações caminharão à tua luz e os reis ao resplendor da tua aurora… Todos virão de Sabá trazendo ouro e incenso e publicando os louvores do Senhor ». Já não se vê, à volta do presépio, a humilde presença dos pastores, mas o faustoso cortejo dos Magos que vieram do Oriente como representantes dos povos pagãos e de todos os reis da terra, para prestarem homenagem ao Deus Menino.

Epifania (ou Teofania) quer dizer « manifestação de Deus »; e esta manifestação de Deus vemo-la realizada em Jesus que hoje Se manifesta ao mundo como seu Deus e Senhor. Já um primeiro prodígio, o da nova estrela aparecida no Oriente, revelara a Sua divindade; mas à recordação deste milagre que ocupa o primeiro lugar na liturgia deste dia, a Igreja junta mais dois: a água convertida em vinho nas bodas de Caná, e o Batismo de Jesus no rio Jordão, enquanto uma voz, vinda do céu, atesta: « Este é o meu Filho muito amado ». « Três milagres ilustraram o santo dia que hoje celebramos », canta a Antífona do Magnificat: três milagres que devem dispor-nos para reconhecer e adorar com fé viva, no Menino Jesus, o nosso Deus, o nosso Rei.

2 — « Vimos a Sua estrela no Oriente e viemos com presentes adorar o Senhor ». Nestes versículos da Missa de hoje está sintetizada a conduta dos Magos. Ver a estrela e pôr-se a caminho, foi obra de um momento. Não duvidaram porque a sua fé era firme, segura e inteira. Não hesitaram perante a fadiga da longa via­gem, porque o seu coração era generoso. Não deixa­ram para mais tarde, porque a sua alma estava pronta.

No céu das nossas almas também aparece frequen­temente uma estrela: uma inspiração íntima e clara de Deus, que nos convida a um ato de generosidade, de desprendimento, a uma vida de maior intimidade com Ele. Devemos saber sempre seguir a nossa estrela com a fé, com a generosidade e com a prontidão dos Ma­gos. Seguida assim, conduzir-nos-á sem dúvida ao encontro do Senhor, far-nos-á achar Aquele que procuramos.

Os Magos perseveraram na sua busca mesmo quando a estrela desapareceu aos seus olhos; da mesma forma devemos nós perseverar no bem mesmo através das trevas interiores: é a prova da fé, que somente se pode superar com um intenso exercício de fé pura e nua. Sei que Deus assim o quer, sei que Deus me chama e isto basta: Scio cui credidi et certus sum (II Tim. 1, 12); sei quem é aquele em quem acreditei e aconteça o que acontecer nunca poderei duvidar dEle.

Com estas disposições vamos com os Magos ao presépio. « E assim como aqueles ofereceram, dos seus tesouros, místicos dons ao Senhor, saibamos nós também tirar dos nossos corações dons dignos de Deus » (BR.).

Extraído do Livro Intimidade Divina­ — P. Gabriel de Santa Maria Madalena O.C.D. Segunda edição (Traduzida da 12ª edição italiana) — 1967.

1 Comentário

  1. Como é bela nossa Igreja. Estou aqui para aprender mais sobre o Rito Tridentino.
    Sinto-me muito feliz e sei tão pouco!
    Página abençoada!
    Paz e bem!

Comentários não permitidos.