Liturgia Dominical – nº 06 † 13º Domingo depois de Pentecostes

« Liturgia Dominical » Ano 6 – nº 333 – 3 de setembro de 2017

† 13º DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES verde – 2a. classe.

« Jesus, Mestre, tende piedade de nós! »

Intróito / RÉSPICE — Salmo 73. 19-23, 1

O Intróito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia.

No Introito, pedimos o auxílio em geral.

Réspice, Dómine, in testaméntum tuum, et ánimas páuperum tuórum ne derelínquas in finem: exsúrge, Dómine, et iúdica causam tuam, et ne obliviscáris voces quæréntium te. Ps. Ut quid, Deus, reppulísti in finem: irátus est furor tuus super oves páscuæ tuæ? . Glória Patri.

Olhai, propício, Senhor, para vossa aliança; não Vos esqueçais para sempre das almas de vossos pobres. Levantai-Vos, Senhor, e julgai a vossa causa; não Vos esqueçais das vozes dos que Vos invocam. Sl. Ó Deus, por que nos rejeitais para sempre? Acendeu-se vossa ira contra as ovelhas de vosso pasto? ℣. Glória ao Pai.

Oração (Colecta)

Pedimos ao Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.

Na oração, um aumento de fé, esperança e caridade, virtudes que, como sementes, foram pelo Batismo depostas em nossa alma, e que não se desenvolvem em nós sem a graça de Deus.

Omnípotens sempitérne Deus, da nobis fídei, spei et caritátis augméntum: et, ut mereámur asséqui quod promíttis, fac nos amáre quod praecipis. Per Dominum nostrum Iesum Christum.

Ó Deus, onipotente e eterno, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade, e fazei com que amemos o que ordenais, para que mereçamos alcançar o que prometeis. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Epístola de São Paulo Apóstolo aos Gálatas 3. 16-22

Nossa súplica é baseada na Epístola que fala na fidelidade de Deus em suas promessas. Abraão é um exemplo de fé, esperança e caridade. A ele e seus descendentes dirigem-se as promessas de Deus.

Fratres: Abrahæ dictæ sunt promissiónes, et sémini eius. Non dicit: Et semínibus, quasi in multis; sed quasi in uno: Et sémini tuo, qui est Christus. Hoc autem dico: testaméntum confirmátum a Deo, quæ post quadringéntos et trigínta annos facta est lex, non írritum facit ad evacuándam promissiónem. Nam si ex lege heréditas, iam non ex promissióne. Abrahæ autem per repromissiónem donávit Deus. Quid igitur lex? Propter transgressiónes pósita est, donec veníret semen, cui promíserat, ordináta per Angelos in manu mediatóris. Mediátor autem uníus non est: Deus autem unus est. Lex ergo advérsus promíssa Dei? Absit. Si enim data esset lex, quæ posset vivificáre, vere ex lege esset iustítia. Sed conclúsit Scriptúra ómnia sub peccáto, ut promíssio ex fide Iesu Christi darétur credéntibus.

Irmãos: 16As promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não foi dito: E às descendências, como se tratando de muitos, mas como de um só: E à tua descendência, que é o Cristo. 17Isto, porém, digo: a lei que veio quatrocentos e trinta anos depois, não anula a aliança confirmada por Deus, de sorte que se tornaria vã a promessa. 18Porque, se da lei viesse a herança, então, já não viria da promessa. Ora, é que Deus pela promessa a deu a Abraão. 19Para que é, então, a lei? Ela foi dada por causa das transgressões, até vir o Descendente ao qual se refere a promessa; promulgada por Anjos passou pela mão de um mediador. 20Ora, não há mediador, quando se trata de um só; e Deus é um. 21Será, portanto, a lei contra as promessas de Deus? De modo algum. Somente, se fosse dada uma lei capaz de comunicar a vida, então, em verdade, a justificação viria da lei. 22Mas, pelo contrário, a Escritura reuniu tudo sob o pecado, a fim de que a promessa fosse dada, pela fé em Jesus Cristo, aos que creem.

Gradual /Salmo 73. 20, 19, 22

Gradual e Aleluia, são cantos intercalares, por via de regra, tirados dos salmos e que traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou sugeridos pelo Mistério do dia.

Réspice, Dómine, in testaméntum tuum: et ánimas páuperum tuórum ne obliviscáris in finem. .Exsúrge, Dómine, et iúdica causam tuam: memor esto oppróbrii servórum tuórum.

Olhai propício, Senhor, para a vossa aliança e não Vos esqueçais para sempre das almas de vossos pobres.℣. Levantai-Vos, Senhor, e julgai a vossa causa, lembrai-Vos do opróbrio de vossos servos.

Aleluia / Salmo 89. 1

Allelúia, alleluia. Dómine, refúgium factus es nobis a generatióne et progénie. Allelúia.

Aleluia, aleluia. ℣. Ó Senhor, Vós sois o nosso refúgio, de geração em geração. Aleluia.

Evangelho segundo São Lucas17. 11-19

No Evangelho vemos como o Salvador prometido se desempenha de sua missão.

Dos dez leprosos curados, somente um teve fé em Cristo, fé que o salvou. A cura da lepra é a imagem da cura do pecado.

In illo témpore: Dum iret Iesus in Ierúsalem, transíbat per médiam Samaríam et Galilaeam. Et cum ingrederétur quoddam castéllum, occurrérunt ei decem viri leprósi, qui stetérunt a longe; et levavérunt vocem dicéntes: Iesu præcéptor, miserére nostri. Quos ut vidit, dixit: Ite, osténdite vos sacerdótibus. Et factum est, dum irent, mundáti sunt. Unus autem ex illis, ut vidit quia mundátus est, regréssus est, cum magna voce magníficans Deum, et cecidit in fáciem ante pedes eius, grátias agens: et hic erat Samaritánus. Respóndens autem Iesus, dixit: Nonne decem mundáti sunt? et novem ubi sunt? Non est invéntus, qui redíret et daret glóriam Deo, nisi hic alienígena. Et ait illi: Surge, vade; quia fides tua te salvum fecit

Naquele tempo, 11indo Jesus a Jerusalém, atravessava a Samaria e a Galiléia. 12E, ao entrar em uma aldeia, saíram-Lhe ao encontro dez homens leprosos. Eles pararam ao longe113e elevaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tende piedade de nós! 14Vendo-os, Jesus disse: Ide e mostrai-vos aos sacerdotes2. E aconteceu que, enquanto iam, ficaram limpos. 15Um deles, logo que se viu curado, voltou atrás, e glorificou a Deus em alta voz;16e prostrando-se por terra, aos pés de Jesus, deu-Lhe graças; e este era Samaritano. 17Então, Jesus perguntou: Não foram dez os que ficaram curados? Onde estão, pois, os outros nove? 18Não houve quem voltasse e viesse dar glória a Deus, senão este estrangeiro. 19E disse-lhe: Levanta-te e vai: tua fé te salvou.

  1. O leproso devia evitar toda e qualquer relação com os outros homens.
  2. O leproso, ritualmente impuro, devia fazer verificar a sua cura por meio de um sacerdote, para ser admitido na sociedade.

CREDO…

Concluímos a Ante-Missa com essa profissão de fé.

Breve compêndio das verdades cristãs e Símbolo da fé católica. Com a Igreja, afirmemo-las publicamente e renovemos a profissão de fé que fizemos no Batismo.

Ofertório / Salmo 30. 15-16

Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito.

Três elementos o constituíam antigamente: apresentação das oferendas, canto de procissão, oração sobre as oblatas.

In te sperávi, Dómine; dixi: Tu es Deus meus, in mánibus tuis témpora mea.

Em Vós, Senhor, espero e digo: Vós sois o meu Deus; em vossas mãos estão os meus dias.

Secreta

Na santa Missa sabemos que Ele continua sua missão, no Sacrifício e no Sacramento, como nos mostram a Secreta, a Communio e a Postcommunio.

Popitiáre, Dómine, pópulo tuo, propitiáre munéribus: ut, hac oblatióne placátus, et indulgéntiam nobis tríbuas et postuláta concedas. Per Dominum nostrum Iesum Christum.

Senhor, sede propício a vosso povo e aceitai benigno as nossas oferendas, a fim de que, aplacado por esta oblação, nos concedais o perdão e atendais às nossas súplicas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Communio / Sabedoria 16. 20

Alternando com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão dos fiéis.

Nas Missas cantadas, se canta, enquanto o sacerdote toma as abluções e recita as orações seguintes em que se pedem para a alma os frutos da Comunhão.

Panem de cælo dedísti nobis, Dómine, habéntem omne delectaméntum et omnem sapórem suavitátis.

Senhor, Vós nos destes o Pão do céu que contém todas as delícias e todo o sabor da suavidade.

Postcommunio

Súplica a Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.

Sumptis, Dómine, cæléstibus sacraméntis: ad redemptiónis ætérnæ, quǽsumus, proficiámus augméntum. Per Dominum nostrum Iesum Christum.

Nós Vos rogamos, Senhor, que, pela recepção destes Sacramentos celestes, alcancemos aumento da salvação eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Meditação

Os Dez Leprosos

Ó Jesus Salvador, tenho necessidade de Vós. Curai-me, tende piedade de mim!

1 — No ciclo dos domingos depois do Pentecostes, a Igreja continua a pôr-nos diante dos olhos, ora sob um aspecto ora sob outro, a obra misericordiosa de Jesus para com as nossas almas. Há quinze dias apresentava-no-la figurada na cura do surdo-mudo; no domingo passado, na ação piedosa do samaritano; e hoje, na cena comovedora dos dez leprosos curados pelo Senhor. Deste modo a Igreja tem em vista manter desperta em nós a humilde consideração da nossa miséria, da necessidade imensa que temos continuamente da obra redentora de Jesus e, ao mesmo tempo, quer fazer-nos sentir que esta obra está sempre em atividade e que em cada dia e a cada momento vivemos sob o seu influxo. O trecho evangélico (Lc. 17. 11-19) escolhido para a Missa de hoje, põe particularmente em evidência o aspecto central da Redenção: a cura das nossas almas da lepra do pecado. Já na antiguidade a lepra foi considerada como a figura mais adequada para nos dar idéia da fealdade do pecado e, com efeito, seria difícil imaginar coisa mais horrível e repugnante. Todavia ao passo que a lepra do corpo é tão temida, que indiferença e despreocupação entre os cristãos perante a lepra da alma! Como estamos longe do sentimento profundo e realista que os santos tinham da ofensa a Deus! « Ah! — exclama Sta. Teresa — porque não compreendemos que o pecado é uma guerra aberta de todos os nossos sentidos e potências contra Deus! Quem mais pode, mais traições inventa contra o seu Rei » (Ex. 14, 2). Um dos frutos do Evangelho deste dia é precisamente o de despertar nas nossas almas um arrependimento vivo e eficaz das culpas cometidas, e um sentimento de humildade profunda ao reconhecermos a nossa miséria. Vamos nós também juntamente com os dez leprosos ao encontro do Senhor e gritemos-Lhe: « Jesus, Mestre, tem compaixão de nós! ».

2 — O Evangelho de hoje indica-nos também os remédios contra o pecado. Acima de tudo, a humildade sincera que reconhece a própria miséria; mas a humildade não basta, é preciso que vá acompanhada do recurso confiante a Deus. Os pobres leprosos, conscientes do seu miserável estado, confiaram em Jesus e dirigiram-Lhe a sua súplica cheia de confiança: foi o primeiro passo para a cura. Certas almas choram as suas misérias, afligem-se por causa delas, e contudo não se curam porque não sabem recorrer confiadamente a Jesus, o único médico capaz de as curar. A lembrança das suas culpas retém-nas, quase não se atrevem a aproximar-se dEle, não ousam confiar na Sua misericórdia; estas almas não compreendem que devemos ir a Jesus exatamente porque somos pecadores e que « os sãos não tem necessidade de médico, mas sim os enfermos » (Lc. 5, 31).

O divino Mestre não curou diretamente os pobres leprosos, mas enviou-os aos sacerdotes: « Ide, mostrai-vos aos sacerdotes »; eles obedeceram sem discutir, sem duvidar, « e enquanto iam, ficaram limpos ». Assim procede Jesus conosco. É sempre Ele que nos cura, mas ordinariamente quer fazê-lo por meio dos Seus ministros. Algumas almas não têm fé suficiente na palavra e na obra do ministro de Deus, não acreditam bastante na eficácia dos sacramentos, da absolvição sacramental e vivem por isso em contínuas angústias. Quando uma alma expôs com sinceridade o estado da sua consciência sem intenção alguma de enganar, deve ficar tranqüila e confiar plenamente no juízo do sacerdote. Neste caso, pôr em dúvida a palavra do ministro de Deus, duvidar da absolvição recebida equivale a duvidar do próprio Jesus, visto que Ele decidiu agir em nós por meio da ação dos Seus representantes.

Dos dez leprosos curados só um sentiu o dever de voltar atrás a fim de exprimir o seu reconhecimento ao Senhor. « Feliz a alma — comenta S. Bernardo — que a cada dom da graça de Deus se volta para Aquele que, à nossa gratidão pelos benefícios recebidos, responde com novos benefícios. O que nos impede de progredir na vida cristã, é a ingratidão, porque Deus considera como perdido aquilo que recebemos sem reconhecimento e abstém-Se de nos conceder novas graças ».

Extraído do Livro Intimidade Divina­ — P. Gabriel de Santa Maria Madalena O.C.D. Segunda edição (Traduzida da 12ª edição italiana) — 1967