Uma história sem final feliz…

Uma história sem final feliz…

Por Pe. Gaspar S. C. Pelegrini

Certo dia, aproximou-se de Jesus um jovem perguntando o que devia fazer para conseguir a vida eterna. Nosso Senhor lhe disse que observasse os Mandamentos da Lei de Deus. O jovem, desejando alguma coisa mais elevada, diz a Jesus que já observava os Mandamentos desde pequeno. E era verdade. Jesus então lançou sobre aquele jovem um olhar profundo e perscrutador e manifestou para com ele um amor todo especial, como nos conta o Evangelho, e lhe fez um convite, dizendo que só lhe faltava uma coisa: se ele quisesse ser perfeito, que se desfizesse de tudo o que possuía e depois O seguisse. Mas aquele jovem, até então desejoso da perfeição, entusiasmado, interessado nos ensinamentos de Jesus, se entristece e se afasta decepcionado. Por que? O Evangelho nos responde: tinha seu coração posto nas riquezas. Não teve generosidade para deixar este apego e seguir a Nosso Senhor. Afastou-se triste, e nunca mais o Evangelho fala deste jovem.

História triste e que se repete com freqüência. Cristo continua lançando Seus olhos sobre muitos jovens, continua dando a muitos provas de um amor todo especial, continua chamando a muitos. Mas ele não força. Como fez com o jovem do Evangelho, faz com os outros jovens: chama, mas põe uma condição: “se você quiser”. Jesus deixa livre ao jovem para aceitar ou não seu convite, para responder como um S. Pedro, deixando tudo, ou como este jovem, que se afasta contristado por não querer deixar algum apego. A resposta é livre, mas o jovem tem que arcar com as conseqüências de sua resposta.

Quantos jovens, entusiasmados pelas coisas da Igreja, pelos encontros, pelos movimentos, etc., quem sabe, até pela Jornada, quando escutam o chamado de Deus, perdem seu entusiasmo, desanimam, às vezes chegam a deixar a freqüência dos sacramentos. E por que isto? Jesus lhes pede um pouco mais, ou melhor, quer dar-lhes algo a mais. Quer dar a estes jovens o que não dá a todos, isto é, quer fazê-los seus ministros, seus representantes, seus seguidores mais de perto. E muitos deles terminam não tendo coragem para corresponder a esta graça. Estão, como o jovem rico do Evangelho, apegados aos bens terrenos ou a alguma pessoa, ou acorrentados por algum vício. E para seguirem a Nosso Senhor, terão que desapegar seu coração destes bens, terão que deixar de lado qualquer outro amor que não for o amor de Deus, terão que fazer violência contra seus vícios e maus hábitos. No fundo há jovens que querem seguir a Cristo, mas têm o coração dividido entre dois amores. E, por estarem divididos, afastam-se entristecidos.

O desejo inicial do jovem rico era a vida eterna. E Jesus lhe foi mostrando as diversas etapas para se possuir a vida eterna. Por isso a conclusão que podemos tirar é que quem recusa o chamado de Deus claramente conhecido, termina se afastando do caminho para a vida eterna. Não que não se possa salvar, mas aos menos faz a salvação mais difícil e a vida mais triste, sem sentido, pois se afasta do plano de felicidade que Deus, em seu imenso amor, lhes tinha preparado.

E como a vocação é vivida na Igreja, em função dos outros, a recusa ao convite do Mestre tem consequências também para os outros. Um membro que não desempenha a função para a qual ele existe, prejudica todo o corpo.

Meu caro Jovem, esta história deve fazer-nos refletir. Qual é a situação de nosso coração? Temos nós também algum apego, algum amor que quer dividir o nosso coração. Cristo não que quer nosso coração dividido. Ele o quer todo para si. Aos casados, Deus permite que dividam o coração com a esposa, com os filhos, evitando sempre, é claro, colocar estes amores acima do amor de Deus. Mas aos que ele chama à vida consagrada, ele não tolera divisões. Que nosso amor integral, sem divisões, sem dividir nem mendigar migalhas de outros amores.

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