Liturgia Dominical – nº 09 † 16º Domingo depois de Pentecostes

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 24 de setembro de 2017

† 16º DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES

verde – 2a. classe.

« Doente é a alma humana, porém ela achou o seu Médico. O hidrópico do Evangelho é a imagem da alma humana, que, como aquele, encontra o seu médico em Jesus Cristo, em seu poder e em seu amor misericordioso. A Missa de hoje é uma repetição deste milagre e um penhor de nossa perseverança no bem. Os Cânticos e Orações pedem para nós o auxílio de Deus para• o futuro, e louvam a sua bondade pelas graças e favores já recebidos. »

Hoje, é o Dia da Bíblia.

Dia 29, Quinta-feira é dia de São Miguel Arcanjo.

Intróito /MISERÉRE MIHI — Salmo 85. 3, 5, 1

        O Intróito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia.

Canto solene de entrada, o Introito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia. Compunha-se antigamente duma antífona e de um salmo, que se cantava por inteiro. Hoje o salmo está reduzido a um só versículo.

Miserére mihi, Dómine, quóniam ad te clamávi tota die: quia tu, Dómine, suávis ac mitis es, et copiósus in misericórdia ómnibus invocántibus te. Ps. Inclína, Dómine, aurem tuam mihi, et exáudi me: quóniam inops, et pauper sum ego. ℣. Glória ao Pai.

Senhor, tende piedade de mim. Eu clamo a Vós todo o dia. Vós, Senhor, sois bondoso e manso, e rico em misericórdia para com todos os que Vos invocam. Sl. Inclinai, Senhor, os vossos ouvidos e escutai-me, porque, sou desprotegido e pobre. ℣. Glória ao Pai.

Oração (Colecta)

 Pedimos ao Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.

O cristão sabe que deve tudo a Deus e à sua graça, e implora o auxílio divino para se conservar na prática do bem.

Tua nos, quǽsumus, Dómine, grátia semper et prævéniat et sequátur: ac bonis opéribus iúgiter præstet esse inténtos. Per Dominum nostrum Iesum Christum.

Nós Vos rogamos, Senhor, que vossa graça nos previna sempre, nos acompanhe e nos afervore na contínua prática das boas obras. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Epístola de São Paulo Apóstolo aos Efésios 3. 13-21

Em meio dos seus trabalhos, S. Paulo sonha nas riquezas do mistério de Cristo, que se encarregou de dar a conhecer ao mundo. A sua oração torna-se um cântico de ação de graças.

Fratres: Obsecro vos, ne deficiátis in tribulatiónibus meis pro vobis: quæ est glória vestra. Huius rei grátia flecto génua mea ad Patrem Dómini nostri Iesu Christi, ex quo omnis patérnitas in coelis et in terra nominátur, ut det vobis secúndum divítias glóriæ suæ, virtúte corroborári per Spíritum eius in interiórem hóminem, Christum habitáre per fidem in córdibus vestris: in caritáte radicáti et fundáti, ut póssitis comprehéndere cum ómnibus sanctis, quæ sit latitúdo et longitúdo et sublímitas et profúndum: scire etiam supereminéntem sciéntiæ caritátem Christi, ut impleámini in omnem plenitúdinem Dei. Ei autem, qui potens est ómnia fácere superabundánter, quam pétimus aut intellégimus, secúndum virtútem, quæ operátur in nobis: ipsi glória in Ecclésia et in Christo Iesu, in omnes generatiónes saeculi sæculórum. Amen.

Irmãos: 13Rogo-vos que não desanimeis, vendo minhas tribulações, por vós, pois, elas redundam em vossa glória. 14Por esta razão dobro os meus joelhos diante do Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, 15no qual tem origem a paternidade que há no céu e na terra. 16Segundo as riquezas de sua glória, Ele vos conceda sejais poderosamente fortalecidos no Espírito, segundo o homem interior117O Cristo habite pela fé em vossos corações, arraigados e fundados na caridade, 18para que sejais capazes de compreender com todos os Santos, qual seja a largura e o comprimento, a altura e a profundidade2 [do Mistério do Cristo] 19e conhecer o Amor do Cristo, que excede todo o entendimento, e encher-vos de toda a plenitude de Deus. 20Àquele que é poderoso para fazer muito mais do que pedimos ou pensamos, segundo o poder com que em nós opera, 21a Ele seja dada a glória na Igreja e no Cristo Jesus, em todas as gerações, pelos séculos dos séculos. Amém.

  1. O homem renovado pelo batismo e pela presença do Espírito Santo.
  2. Subentenda-se, acrescentando: …do plano divino, cujas dimensões são eternas.

Gradual /Salmo 101. 16, 17

Gradual e Aleluia, são cantos intercalares, por via de regra, tirados dos salmos e que traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou sugeridos pelo Mistério do dia.

Timébunt gentes nomen tuum, Dómine, et omnes reges terræ glóriam tuam. Quóniam ædificávit Dóminus Sion, et vidébitur in maiestáte sua.

Senhor, as nações temerão o vosso Nome, e todos os reis da terra, a vossa glória. ℣. Porque, o Senhor edificou Sião e será visto em toda a sua Majestade.

Aleluia /Salmo 97. 1

Allelúia, allelúia. ℣. Cantáte Dómino cánticum novum: quia mirabília fecit Dóminus. Allelúia.

Aleluia, aleluia. ℣. Cantai ao Senhor um cântico novo; porque, o Senhor fez maravilhas, Aleluia.

Evangelho segundo São Lucas 14. 1-11

A cura do hidrópico dá a Jesus ensejo de desmascarar a pior das misérias: um imenso orgulho, que urge curar.

In illo témpore: Cum intráret Iesus in domum cuiúsdam príncipis pharisæórum sábbato manducáre panem, et ipsi observábant eum. Et ecce, homo quidam hydrópicus erat ante illum. Et respóndens Iesus dixit ad legisperítos et pharisaeos, dicens: Si licet sábbato curáre? At illi tacuérunt. Ipse vero apprehénsum sanávit eum ac dimísit. Et respóndens ad illos, dixit: Cuius vestrum ásinus aut bos in púteum cadet, et non contínuo éxtrahet illum die sábbati? Et non póterant ad hæc respóndere illi. Dicebat autem et ad invitátos parábolam, inténdens, quómodo primos accúbitus elígerent, dicens ad illos: Cum invitátus fúeris ad núptias, non discúmbas in primo loco, ne forte honorátior te sit invitátus ab illo, et véniens is, qui te et illum vocávit, dicat tibi: Da huic locum: et tunc incípias cum rubóre novíssimum locum tenére. Sed cum vocátus fúeris, vade, recúmbe in novíssimo loco: ut, cum vénerit, qui te invitávit, dicat tibi: Amíce, ascénde supérius. Tunc erit tibi glória coram simul discumbéntibus: quia omnis, qui se exáltat, humiliábitur: et qui se humíliat, exaltábitur.

Naquele tempo, 1quando Jesus, num sábado, entrou em casa de um dos principais fariseus, para aí tomar a refeição, estes O observavam. 2Apresentou-se-Lhe, então, um homem que era hidrópico. 3E Jesus tomou a palavra, e perguntou aos doutores da lei e aos fariseus: É permitido curar em dia de sábado? 4Eles, porém, ficaram calados. Então, Jesus tocou no homem, curou-o e mandou-o embora. 5Depois, dirigiu-se aos outros e disse: Quem de vós, se lhe cair um jumento ou um boi num poço, não o retira logo, ainda que em dia de sábado?6A isto eles nada podiam replicar. 7Notando como os convidados escolhiam os primeiros lugares à mesa, disse-lhes ainda esta parábola: 8Quando fores convidado a núpcias, não te assentes no primeiro lugar, porque pode ser que um outro, de mais consideração do que tu, tenha sido convidado pelo dono da casa, 9e que, vindo este que convidou a ti e a ele, te diga: Cede o lugar a este, e tu, envergonhado, vás ficar no último lugar. 10Quando fores convidado, vai ocupar de preferência o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, vem mais para cima. Então, terás glória perante os convivas. 11Porque, todo o que se eleva, será humilhado; e o que se humilha será exaltado.

Pregação

CREDO…

Concluímos a Ante-Missa com essa profissão de fé.

Breve compêndio das verdades cristãs e Símbolo da fé católica. Com a Igreja, afirmemo-las publicamente e renovemos a profissão de fé que fizemos no Batismo.

Ofertório / Salmo 39. 14, 15

Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito. Três elementos o constituíam antigamente: apresentação das oferendas, canto de procissão, oração sobre as oblatas.

Dómine, in auxílium meum réspice: confundántur et revereántur, qui quærunt ánimam meam, ut áuferant eam: Dómine, in auxílium meum réspice.

Senhor, vinde em meu auxílio; sejam confundidos e envergonhados, os que procuram tirar-me a vida. Senhor, vinde em meu auxílio.

Secreta

É a antiga « oração sobre as oblatas », ponto de ligação entre o Ofertório e o Cânon.

Munda nos, quǽsumus, Dómine, sacrifícii præséntis efféctu: et pérfice miserátus in nobis; ut eius mereámur esse partícipes. Per Dominum nostrum Iesum Christum.

Purificai-nos, Senhor, Vos suplicamos, pela força do presente Sacrifício, e fazei por vossa clemência, que mereçamos participar de seu fruto. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Communio / Salmo 70. 16-18

Alternando com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão dos fiéis.

Nas Missas cantadas, se canta, enquanto o sacerdote toma as abluções e recita as orações seguintes em que se pedem para a alma os frutos da Comunhão.

Dómine, memorábor iustítiæ tuæ solíus: Deus, docuísti me a iuventúte mea: et usque in senéctam et sénium, Deus, ne derelínquas me.

Senhor, eu me lembrarei somente de vossa justiça. Ó meu Deus, desde a minha mocidade me instruístes; não me abandoneis até a minha idade mais avançada.

Postcommunio

Súplica a Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.

Purífica, quǽsumus, Dómine, mentes nostras benígnus, et rénova coeléstibus sacraméntis: ut consequénter et córporum præsens páriter et futúrum capiámus auxílium. Per Dominum nostrum Iesum Christum.

Senhor, Vos suplicamos, purificai e renovai benignamente as nossas almas com os celestes Sacramentos, a fim de que por eles consigamos auxílio para os nossos corpos, tanto para a vida presente como para a vida futura. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Meditação

As Características da Alma Cristã

Ó Senhor, fazei que a minha alma esteja bem fundada na caridade e na humildade.

1 — A Epístola (Ef. 3, 13-21) que lemos na Missa de hoje é uma das mais belas passagens das cartas de S. Paulo. Encontramos nela a célebre saudação do Apóstolo aos Efésios que nas suas três partes, resume toda a substância da vida interior.

« O Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo… vos conceda que sejais corroborados em virtude, segundo o homem interior, pelo Seu Espírito ». O homem interior é o Espírito humano regenerado pela graça, é o homem espiritual que renunciou às coisas materiais e aos prazeres dos sentidos. Este homem está em cada um de nós e deve ser forte a fim de poder sustentar a luta contra o homem animal que, infelizmente, enquanto andarmos na terra, vive ainda em nós e tenta arrastar-nos para o que é baixo. O Apóstolo tem razão em pedir fortaleza ao Espírito Santo, porque a fortaleza da nossa virtude não é suficiente se não for corroborada pela que o Espírito Santo infunde em nós por meio dos Seus dons.

« Que Cristo habite, pela fé, nos vossos corações ». Cristo, com o Pai e o Espírito Santo, habita já na alma em graça, mas a Sua presença pode tornar-se cada vez mais profunda. E quanto mais profunda for, mais penetrada ficará a alma pela caridade divina, de modo a estar verdadeiramente « arraigada e fundada no amor ». Se queremos crescer no amor, devemos manter-nos em contato com a fonte do amor, com Deus vivo na nossa alma.

« Que possais compreender … aquele amor de Cristo que excede toda a ciência ». Compreender, tanto quanto é possível à nossa limitação, o mistério do amor de Deus, é o cume da vida espiritual. O cristianismo é todo amor: nós somos cristãos na medida em que vivemos no amor, na medida em que compreendemos o amor de Deus. No entanto este mistério deixa-nos sempre um tanto incrédulos e céticos. Oh! Se pudéssemos ver como veem os bem-aventurados, que Deus é caridade e que não quer mais do que a caridade; que o caminho para ir a Ele é o caminho do amor; que o sofrimento, a mortificação e a humildade não são senão meios para chegar ao amor perfeito, para corresponder ao amor de Deus-caridade! Então ficaríamos, na verdade, « cheios de toda a plenitude de Deus ».

2 — S. Paulo, na Epístola, exortou-nos a permanecer arraigados no amor e Jesus, no Evangelho (Lc. 14, 1-11), exorta-nos a permanecer enraizados no amor e na humildade.

Apesar da tácita desaprovação dos fariseus, fruto da mesquinhez da sua mente e do seu coração, Jesus cura um pobre hidrópico em dia de sábado, ensinando-nos assim, mais uma vez, a grande importância do amor do próximo. Em vão julgaremos estar enraizados no amor de Deus se o não estivermos também no amor do próximo. Como se pode pensar que um ato de caridade fraterna se opõe à lei da santificação de uma festa? São aberrações a que se chega quando se pretende amar a Deus cuidando só dos próprios interesses, não pensando nas necessidades alheias. Isto não é cristianismo, é fariseísmo destruidor da caridade.

Para estarmos enraizados no amor, é indispensável que o estejamos igualmente na humildade, pois só quem é humilde é capaz de amar verdadeiramente a Deus e ao próximo. O Evangelho dá-nos, portanto, uma lição prática de humildade, condenando a caça aos primeiros lugares. E não devemos supor que isto só diz respeito aos lugares materiais; diz também respeito aos morais, quer dizer, aos lugares que o nosso orgulho pretende ocupar na estima e na consideração dos outros. É humilhante constatar como o nosso eu procura sempre fazer-nos ocupar um lugar superior àquele que nos pertence, aliás para nossa vergonha, « porque todo o que se exalta será humilhado ».

« Coloquemo-nos no último lugar — diz S. Bernardo — pois nenhum prejuízo nos pode vir pelo fato de nos humilharmos e nos julgarmos inferiores ao que na realidade somos. Todavia é um dano terrível e um mal enorme querermo-nos elevar nem que seja uma só polegada acima do que somos, e preferir-nos a uma só pessoa. Assim como para passar por uma porta muito baixa não nos prejudica inclinarmo-nos demasiadamente, mas prejudica-nos muitíssimo levantarmo-nos um só dedo acima da trave porque podemos bater e ferir a cabeça; de igual modo não há motivo para temermos humilhar-nos demasiado, mas devemos temer e aborrecer o menor movimento de presunção ». Peçamos por isso ao Senhor, tal como fizeram os santos, que nos mande uma humilhação cada vez que o nosso orgulho tentar erguer-se acima dos outros; será o meio mais seguro de nos enraizarmos na humildade. Fundados na humildade, também o estaremos na caridade e possuiremos assim as duas características fundamentais da alma cristã.

Extraído do Livro Intimidade Divina­ — P. Gabriel de Santa Maria Madalena O.C.D. Segunda edição (Traduzida da 12ª edição italiana) — 1967