Missa Tradicional em São Paulo – um pouco de história e depoimentos

 A Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano era celebrada desde 1997 na Capela N. Sra. de Fátima em São Bernardo, pelo Pe. José Edilson de Lima. Para lá acorriam muitos fiéis em busca da Missa na forma tradicional, onde havia catequese e participação nos sacramentos conforme o ritual anterior ao Concílio Vaticano II. Muitos iam não só do ABC, mas principalmente da capital. Com a ereção canônica da Administração Apostólica, procuraram o então Arcebispo de São Paulo, o Senhor Cardeal Dom Cláudio Humes e pediram que sua aprovação para que este atendimento pudesse continuar. Ele logo os atendeu e já no primeiro encontro, pediu que Pe. José Edilson tranquilizasse os fiéis.

Depois dos devidos contatos e, aproveitando o aniversário de 450 anos da cidade em 25/01/2004, o Pe. José Edilson celebrou a primeira missa em 18 de janeiro daquele ano com a presença de fiéis vindos de toda parte, de diversos grupos e da imprensa falada e escrita. A partir daí, todos os domingos ele atendia as confissões, celebrava a Santa Missa e iniciou um trabalho de acolhimento dos fiéis que esperavam há anos a missa segundo a antiga liturgia.

Depois de mais de um ano, Pe. Edilson pediu ao Pe. José Henrique do Carmo (amigo de D. Fernando e da Adm) que assumisse as celebrações, pois ele estava – na época – estudando em São Paulo e poderia atender os fiéis de um modo mais tranquilo: era muito penoso a Pe. Edilson viajar todo domingo, o que ele fez por muito tempo, como vemos. Assim durante um bom o atendimento ficou sob os cuidados de Pe. José Henrique, que passou a celebrar em mais horários facilitando assim uma maior participação. Passou também a celebrar nas primeiras sextas feiras.

No final do ano de 2008 o Pe. Jonas dos Santos Lisboa, até então pároco em São Fidelis, foi designado, por Dom Fernando – com a aprovação de Dom Odilo, que lhe deu o “uso de ordens na Arquidiocese – para ir residir em São Paulo para se dedicar ao dos fiéis na capela Santa Luzia, começando então a celebrar todos os dias na referida capela, bem no coração da capital paulista. Pe. Jonas pôde assim abrir o leque do seu apostolado, não somente celebrando a santa missa, como também, fazendo batizados e casamentos, em diversas igrejas, dentro e fora de São Paulo, fazendo reuniões e dando palestras a pedido de algumas paróquias, atendendo doentes em hospitais e domicílios, benzendo casas, escritórios, estabelecimentos comerciais, fazendo encomendações e atendendo a muitas confissões, aconselhamentos e direção espiritual.

Atualmente atende confissões não só na capela de S. Luzia, mas também na catedral da Sé. Ministra aulas de catequese e de preparação para crisma. Atende mensalmente os fiéis de S. Bernardo do Campos e esporadicamente fiéis em Curitiba. Tem pregado alguns retiros espirituais e participado semanalmente de reunião de sacerdotes no bairro do Morumbi. Já encaminhou algumas vocações para o seminário Imaculada Conceição da Administração. Todos os anos ele tem promovido a primeira comunhão de crianças e a crisma de jovens e adultos.

Vejam que há um trabalho muito bonito feito por esses sacerdotes. Deixemos que eles mesmos nos falem.

Pe. Edilson:

“Agradecemos sobremaneira ao Pe. Avelino, ao Sr. Pedro (sacristão), ao grupo de cânticos e aos muitos fiéis que, com compreensão e apoio, estiveram presentes para formar uma verdadeira comunidade em torno da Missa na forma tradicional. Naquela época havia o afluxo de muitos grupos e pessoas avulsas. Os grupos eram ligados à Missa de São Pio V e a desejavam há muito em São Paulo, embora entre si não fossem unidos e em alguns casos até hostis. Por outro lado, muitas pessoas iam por curiosidade, outras porque não gostavam da forma como era celebrada a Missa de Paulo VI e havia também aqueles ligados ao que chamavam de aparições que buscavam na missa na forma tradicional a única opção correta nesta crise do mundo e da Igreja. Hoje vemos com alegria e alento, sabendo que Deus nos deu a graça de participarmos desta história. Foram tempos difíceis, de angústias, de incertezas quanto ao futuro, mas com a grande confiança em Deus de que estávamos fazendo a coisa certa e Ele não nos desampararia. As pessoas estavam muito sensíveis e temerosas de quem éramos, muito observadoras, porém muito generosas. Meu primeiro trabalho pastoral, além da Missa era formar uma comunidade, o que não foi fácil, pois muitos iam apenas para cumprir uma desobriga sem qualquer outro compromisso. Mesmo assim, conseguimos reunir um grupo fixo, que ser encontravam durante a semana para ensaio de cânticos, encaminhamos pessoas para ajudarem na Pastoral carcerária da Arquidiocese e procurávamos fomentar o espírito católico em comunhão com a Igreja. Os frutos são obra da graça de Deus e ficamos felizes pelos Céus terem abençoado esta a obra, muito bem conduzida pelo Pe. José Henrique e pelo Pe. Jonas”.

Pe. Jonas:

“Chegando a SP, pude sentir o resultado do trabalho realizado pelos meus antecessores no atendimento aos fiéis que frequentam a capela de S. Luzia. Em meio à selva de pedra, encontramos muitas pessoas sedentas de uma liturgia bem celebrada, de uma orientação bem fundamentada na doutrina cristã, sabendo, porém, que mais importante que a conservação da tradição litúrgica, é a comunhão que o fiel deve ter com Roma e a Igreja local. Leão XIII diz: “A unidade de governo é tão importante quanto a unidade de fé”. Foi por isso que o Papa Francisco, apontou o perigo da “ideologização e instrumentalização” da liturgia na forma antiga, e que levou Dom Rifan a escrever seu célebre “MAGISTÉRIO VIVO DA IGREJA”, que nós procuramos ler e comentar em várias seções de estudo. Notei a docilidade dos católicos paulistanos em seguir as orientações embasadas nos documentos do magistério eclesiástico. Atualmente noto um fenômeno interessante. Muitas pessoas que por acaso vieram rezar na capela de S. Luzia, que é um verdadeiro centro de peregrinação, e que por acaso tiveram oportunidade de assistir a uma missa em latim, acabaram se encantando pela beleza litúrgica do rito de S. Pio V e começaram a frequentar habitualmente os nossos atos litúrgicos, engrossando consideravelmente o número de frequentadores, de modo que em determinados horários de missa, a capela se torna por demais exígua, para atender a tanta demanda. Quando realizamos certas cerimônias mais pomposas, como primeira comunhão, crismas, e como foi o caso da comemoração dos 10 anos da presença da Administração em SP, temos que procurar outras igrejas mais amplas, como tem sido o caso de celebrações na igreja de N. S. do Carmo e N. S. do Líbano. Outras opções estão sendo oferecidas, e que serão certamente bem aceitas quando se fizer necessário. Posso afirmar que o povo de São Paulo é piedoso, acolhedor e generoso. Os padres que por aqui passaram receberam e atualmente recebemos toda sorte de apoio, inclusive no que se refere à subsistência material. A saudade que sinto de São Fidélis, onde fui pároco por muitos anos, é amenizada pelo amor, dedicação e carinho de tantos católicos de SP que movidos pela fé, veem no padre o representante de Jesus aqui na terra e fazem de tudo para atender ao ministro do Senhor.”