Por que seguir a vocação? (I)

Por Pe. Gaspar S. C. Pelegrini

 Primeiro motivo:

Da vocação  a que Deus me chama pode  depender a minha felicidade nesta vida e até minha salvação.

João Maria Vianney, falando da escolha do estado de vida diz: “Cada um deve dirigir-se a onde Deus o chamar, até o ponto que podemos muito bem afirmar que a maior parte dos cristãos que se condenam, condenam-se por não terem seguido sua vocação.”

“Deus que te criou sem ti não te salvará sem ti”. (Sto. Agostinho)

Nosso Senhor nos criou sem nossa colaboração, por sua grande bondade. Mas Ele quer que nós colaboremos em nossa salvação. Já veremos o que é que devemos fazer.

Todos nós sabemos para que foi criado o homem: para conhecer, amar e servir a Deus neste mundo, e, assim, salvar sua alma, ou seja, ser feliz para sempre no Céu.

Nós sabemos também que, sem Deus, não podemos nada, sem sua ajuda não podemos nos salvar. É Deus que nos salva, mas Ele quer ver a nossa colaboração. Aqui está o que devemos fazer: colaborar com Deus, corresponder às Suas graças.

Assim, Deus nos dá os meios necessários para que consigamos o Céu. Se soubermos usar destes meios, nós nos salvaremos. Se não, não poderemos chegar ao Céu.

O segredo está, portanto, em saber usar dos meios que Deus nos concede. Estes meios são diferentes entre as pessoas. Alguns, Deus quer que cheguem ao Céu por meio do matrimônio, sendo bons pais de família, colaborando com Deus na difusão do gênero humano. E, neste estado de vida, estas pessoas terão todos os meios necessários para se salvar.

Outros, Nosso Senhor quer que se salvem sendo sacerdotes, sendo seus ministros, sendo os distribuidores, entre os homens, dos benefícios de Deus. A estes também, Ele dará todos os meios necessários para que se salvem. E as graças que Deus dará aos sacerdotes e religiosos para se salvarem, serão diferentes das que Ele dará aos casados.

Tudo isto quer dizer que Deus une à vocação a que Ele nos chama as graças de que necessitamos para nos salvar. Por isto é importantíssimo que conheçamos bem e que sigamos, com generosidade, a vocação a que Deus nos chama. Quem se afasta, ou recusa a vocação, torna ao menos mais difícil sua salvação, pois, afastando-se da vocação, a pessoa se afasta dos auxílios que Deus tinha lhe preparado. E, sem Deus, sem sua ajuda, não podemos nada, muito menos conseguir a salvação.

Santo Afonso diz claramente que “está fora de dúvida que nossa eterna salvação depende principalmente da escolha de estado.” Diz ainda Santo Afonso: “Se queremos nos salvar, é preciso que, ao tratar de escolher o estado, sigamos as inspirações de Deus, porque só naquele estado a que (Deus) nos chama, receberemos os auxílios necessários para alcançar a salvação eterna.”

S. João Bosco diz: “Os divinos apelos à vida mais perfeita são graças especiais e muito assinaladas que Deus não concede a todos; com muita razão, pois, se indigna contra os que os desprezam. Começará o castigo do desobediente nesta terra, em que sempre se achará inquieto. E será muito difícil que se salve permanecendo no mundo. Por conseguinte, quando Deus chama a um estado mais perfeito, quem não quiser pôr em sério perigo sua salvação, deve obedecer, e logo.”

O jovem deve saber também que as dificuldades virão, pois o demônio, o mundo e nossa natureza inclinada ao mal vão se revoltar. Então é preciso estar convencido da importância de seguir a vocação para poder vencer estes nossos inimigos. O mundo odeia o sacerdote, pois este lhe abre os olhos, fala-lhe do nada desta vida, e o mundo não quer ouvir estas coisas. Por isso, o mundo, ou melhor, os mundanos farão de tudo para destruir as vocações. O demônio sempre persegue e tenta destruir as obras de Deus. De modo especial o demônio ataca os padres e os que desejam sê-lo, pois ele sabe que é o padre que encaminha as almas para Deus, que as tira do poder do inferno. A nossa própria natureza, tão inclinada para o mal, também reclama quando vê em nós um ideal tão sublime e que exige sacrifícios. Lutemos contra estas más inclinações, contra estes inimigos. Sigamos a nossa vocação.

Seguir a vocação é, pois, preocupar-se seriamente com a própria salvação. É colocar em primeiro lugar a vontade de Deus e nossa eterna felicidade.

(Do livro “A Vocação”)