Liturgia Dominical – † 2º Domingo da Paixão – Domingo de Ramos

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† 2º Domingo da Paixão Domingo de Ramos roxo – 1ª classe.

« Dizei à filha de Sião: Eis que o teu Rei vem a ti, cheio de mansidão, montado sobre uma jumenta e um jumentinho, filho da que leva o jugo. »

Intróito / DÓMINE, NE LONGE — Salmo 21. 20, 22, 2

Canto solene de entrada, o Introito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia. Compunha-se antigamente duma antífona e de um salmo, que se cantava por inteiro. Hoje o salmo está reduzido a um só versículo.

Dómine, ne longe fácias auxílium tuum a me, ad defensiónem meam áspice: líbera me de ore leonis, et a córnibus unicórnium humilitátem meam. Ps. Deus, Deus meus, réspice in me: quare me dereliquísti? longe a salúte mea verba delictórum meórum. — Dómine, ne longe.

Senhor, não afasteis de mim o vosso auxílio; atendei à minha defesa; livrai-me da boca do leão, e do chifre do unicórnio, salvai a minha humildade. Sl. Ó Deus, Deus meu, olhai para mim. Por que me desemparastes? O clamor de meus delitos afasta de mim a salvação. — Senhor, não afasteis.

Oração (Colecta)

Pedimos ao Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.

Numa breve oração, o celebrante resume e apresenta a Deus os votos de toda a assembleia, votos estes sugeridos pelo mistério ou solenidade do dia.

Omnípotens sempitérne Deus, qui humáno generi, ad imitandum humilitátis exémplum, Salvatórem nostrum carnem súmere et crucem subíre fecísti: concéde propítius; ut et patiéntiæ ipsíus habére documénta et resurrectiónis consórtia mereámur. Per eundem Dominum nostrum Iesum Christum.

Onipotente e eterno Deus, que quisestes assumisse o nosso Salvador a nossa carne e sofresse o suplício da Cruz, para que o gênero humano imitasse o exemplo de sua humildade, concedei-nos, propício, pratiquemos as lições de sua paciência e mereçamos participar de sua Ressurreição. Pelo mesmo Jesus Cristo.

Epístola de São Paulo Apóstolo aos Filipenses 2. 5-11

« Christus factus obediens… » Numa melodia cheia de gravidade e de beleza, a Igreja há-de repetir, no final do ofício de trevas do tríduo sagrado, este magnífico texto da Epístola aos Filipenses, em que S. Paulo releva, tão energicamente, as humilhações voluntárias de Cristo, condição da sua glória e nossa Redenção.

Fratres: Hoc enim sentíte in vobis, quod et in Christo Iesu: qui, cum in forma Dei esset, non rapínam arbitrátus est esse se æqualem Deo: sed semetípsum exinanívit, formam servi accípiens, in similitúdinem hóminum factus, et hábitu invéntus ut homo. Humiliávit semetípsum, factus oboediens usque ad mortem, mortem autem crucis. Propter quod et Deus exaltávit illum: ei donávit illi nomen, quod est super omne nomen: hic genuflectitur ut in nómine Iesu omne genu flectátur coeléstium, terréstrium et inférno rum: et omnis lingua confiteátur, quia Dóminus Iesus Christus in glória est Dei Patris.

Irmãos: 5Tende em vós os mesmos sentimentos que teve Jesus Cristo, 6que, sendo Deus por natureza, não reputou usurpação ser igual a Deus. 7E aniquilou-se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens e sendo reconhecido como homem pela aparência. 8Humilhou-se a Si mesmo, feito obediente até a morte, e morte de Cruz. 9Por isso também Deus O exaltou e Lhe deu um Nome [novo] que está acima de todo nome1 (aqui todos se ajoelham), 10a fim de que ao Nome de Jesus se dobrem os joelhos de todos aqueles que estão nos céus, na terra e nos infernos, 11e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor na Glória de Deus Pai2.

  1. O de « Soberano Senhor ».
  2. Texto grego: « que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. »

Gradual / Salmo 72. 24, 1-3

Cantos, por via de regra, tirados dos Salmos e que traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou sugeridos pelo Mistério do dia.

Tenuísti manum déxteram meam: et in voluntáte tua deduxísti me: et cum glória assumpsísti me. ℣. Quam bonus Israël Deus rectis corde! mei autem pæne moti sunt pedes: pæne effúsi sunt gressus mei: quia zelávi in peccatóribus, pacem peccatórum videns.

Segurais a minha mão direita e segundo a vossa vontade me conduzis e me acolheis com glória. ℣. Como é bom o Deus de Israel para os que são retos de coração! Todavia, quase os meus pés resvalaram; pouco faltou para se transviarem os meus passos; porque tive inveja dos ímpios, vendo a paz dos pecadores.

Tracto / Salmo 21. 2-9, 18-32

Cantos, por via de regra, tirados dos salmos e que traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou sugeridos pelo Mistério do dia.

No Tempo da Septuagésima, o Alleluia é substituído pelo Tracto.

Deus, Deus meus, réspice in me: quare me dereliquísti? ℣. Longe a salúte mea verba delictórum meórum. ℣. Deus meus, clamábo per diem, nec exáudies: in nocte, et non ad insipiéntiam mihi. ℣. Tu autem in sancto hábitas, laus Israël. ℣. In te speravérunt patres nostri: speravérunt, et liberásti eos. ℣. Ad te clamavérunt, et salvi facti sunt: in te speravérunt, et non sunt confusi. ℣. Ego autem sum vermis, et non homo: oppróbrium hóminum et abiéctio plebis. ℣. Omnes, qui vidébant me, aspernabántur me: locúti sunt lábiis et movérunt caput. ℣. Sperávit in Dómino, erípiat eum: salvum fáciat eum, quóniam vult eum. ℣. Ipsi vero consideravérunt et conspexérunt me: divisérunt sibi vestiménta mea, et super vestem meam misérunt sortem. ℣. Líbera me de ore leónis: et a córnibus unicórnium humilitátem meam. ℣. Qui timétis Dóminum, laudáte eum: univérsum semen Iacob, magnificáte eum. ℣. Annuntiábitur Dómino generátio ventúra: et annuntiábunt coeli iustítiam eius. ℣. Pópulo, qui nascétur, quem fecit Dóminus.

 Ó Deus, Deus meu, olhai para mim; por que me desamparastes? ℣. O clamor dos meus pecados afasta de mim a salvação. ℣. Meu Deus, clamo de dia e não me respondeis; de noite e não tenho sossego. ℣. Mas Vós, no santuário habitais, Louvor de Israel. ℣. Em Vós esperaram os nossos pais, esperaram e Vós os livrastes. ℣. A Vós clamaram, e foram salvos; em Vós esperaram e não foram confundidos. ℣. Eu, porém, sou verme, e não homem; opróbrio dos homens e abjeção da plebe. ℣. Todos os que me veem zombam de mim, e, meneando a cabeça, dizem: ℣. Esperou no Senhor, Ele o livre, salve-o agora, pois que o ama. ℣. Eles estão me vendo, e atentam em mim; dividem entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica lançam a sorte. ℣. Livrai-me da boca do leão, e dos chifres do unicórnio, salvai minha humildade. ℣. Vós que temeis o Senhor, louvai-O: e vós todos que sois da raça de Jacó, glorificai-O. ℣. Do Senhor se falará à geração vindoura; e os céus anunciarão a sua justiça. ℣. Ao povo que nascerá, e que o Senhor criou.

Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus 26. 36-75; 27. 1-60

Outrora, no Sinai, o sangue das vítimas selou a aliança de Deus com o seu povo; agora, na Cruz, o sangue da Vítima sem mácula — Jesus — vai firmar, entre Deus e os homens, a nova aliança, que os profetas anunciaram. A narrativa de S. Mateus salienta a realização das Escrituras; todo o sombrio drama se desenrola conforme o plano divino. Realizam-se as profecias; Jesus é, por conseguinte, o Messias prometido.

Tunc venit Iesus cum illis in villam, quæ dícitur Gethsémani, et dixit discípulis suis: I. Sedéte hic, donec vadam illuc et orem. C. Et assúmpto Petro et duóbus fíliis Zebedaei, coepit contristári et mæstus esse. Tunc ait illis: I. Tristis est ánima mea usque ad mortem: sustinéte hic, et vigilate mecum. C. Et progréssus pusíllum, prócidit in fáciem suam, orans et dicens: I. Pater mi, si possíbile est, tránseat a me calix iste: Verúmtamen non sicut ego volo, sed sicut tu. C. Et venit ad discípulos suos, et invénit eos dormiéntes: et dicit Petro: I. Sic non potuístis una hora vigiláre mecum? Vigiláte et oráte, ut non intrétis in tentatiónem. Spíritus quidem promptus est, caro autem infírma. C. Iterum secúndo ábiit et orávit, dicens: I. Pater mi, si non potest hic calix transíre, nisi bibam illum, fiat volúntas tua. C. Et venit íterum, et invenit eos dormiéntes: erant enim óculi eórum graváti. Et relíctis illis, íterum ábiit et orávit tértio, eúndem sermónem dicens. Tunc venit ad discípulos suos, et dicit illis: I. Dormíte iam et requiéscite: ecce, appropinquávit hora, et Fílius hóminis tradétur in manus peccatórum. Súrgite, eámus: ecce, appropinquávit, qui me tradet. C. Adhuc eo loquénte, ecce, Iudas, unus de duódecim, venit, et cum eo turba multa cum gládiis et fústibus, missi a princípibus sacerdótum et senióribus pópuli. Qui autem trádidit eum, dedit illis signum, dicens: S. Quemcúmque osculátus fúero, ipse est, tenéte eum. C. Et conféstim accédens ad Iesum, dixit: S. Ave, Rabbi. C. Et osculátus est eum. Dixítque illi Iesus: I. Amíce, ad quid venísti? C. Tunc accessérunt, et manus iniecérunt in Iesum et tenuérunt eum. Et ecce, unus ex his, qui erant cum Iesu, exténdens manum, exémit gládium suum, et percútiens servum príncipis sacerdótum, amputávit aurículam eius. Tunc ait illi Iesus: I. Convérte gládium tuum in locum suum. Omnes enim, qui accéperint gládium, gládio períbunt. An putas, quia non possum rogáre Patrem meum, et exhibébit mihi modo plus quam duódecim legiónes Angelórum? Quómodo ergo implebúntur Scripturae, quia sic oportet fíeri? C. In illa hora dixit Iesus turbis: I. Tamquam ad latrónem exístis cum gládiis et fústibus comprehéndere me: cotídie apud vos sedébam docens in templo, et non me tenuístis. C. Hoc autem totum factum est, ut adimpleréntur Scripturae Prophetárum. Tunc discípuli omnes, relícto eo, fugérunt. At illi tenéntes Iesum, duxérunt ad Cáipham, príncipem sacerdótum, ubi scribæ et senióres convénerant. Petrus autem sequebátur eum a longe, usque in átrium príncipis sacerdótum. Et ingréssus intro, sedébat cum minístris, ut vidéret finem. Príncipes autem sacerdótum et omne concílium quærébant falsum testimónium contra Iesum, ut eum morti tráderent: et non invenérunt, cum multi falsi testes accessíssent. Novíssime autem venérunt duo falsi testes et dixérunt: S. Hic dixit: Possum destrúere templum Dei, et post tríduum reædificáre illud. C. Et surgens princeps sacerdótum, ait illi: S. Nihil respóndes ad ea, quæ isti advérsum te testificántur? C. Iesus autem tacébat. Et princeps sacerdótum ait illi: S. Adiúro te per Deum vivum, ut dicas nobis, si tu es Christus, Fílius Dei. C. Dicit illi Iesus: I. Tu dixísti. Verúmtamen dico vobis, ámodo vidébitis Fílium hóminis sedéntem a dextris virtútis Dei, et veniéntem in núbibus coeli. C. Tunc princeps sacerdótum scidit vestiménta sua, dicens: S. Blasphemávit: quid adhuc egémus téstibus? Ecce, nunc audístis blasphémiam: quid vobis vidétur? C. At illi respondéntes dixérunt: S. Reus est mortis. C. Tunc exspuérunt in fáciem eius, et cólaphis eum cecidérunt, álii autem palmas in fáciem eius dedérunt, dicéntes: S. Prophetíza nobis, Christe, quis est, qui te percússit? C. Petrus vero sedébat foris in átrio: et accéssit ad eum una ancílla, dicens: S. Et tu cum Iesu Galilaeo eras. C. At ille negávit coram ómnibus, dicens: S. Néscio, quid dicis. C. Exeúnte autem illo iánuam, vidit eum ália ancílla, et ait his, qui erant ibi: S. Et hic erat cum Iesu Nazaréno. C. Et íterum negávit cum iuraménto: Quia non novi hóminem. Et post pusíllum accessérunt, qui stabant, et dixérunt Petro: S. Vere et tu ex illis es: nam et loquéla tua maniféstum te facit. C. Tunc coepit detestári et iuráre, quia non novísset hóminem. Et contínuo gallus cantávit. Et recordátus est Petrus verbi Iesu, quod díxerat: Priúsquam gallus cantet, ter me negábis. Et egréssus foras, flevit amáre. Mane autem facto, consílium iniérunt omnes príncipes sacerdótum et senióres pópuli advérsus Iesum, ut eum morti tráderent. Et vinctum adduxérunt eum, et tradidérunt Póntio Piláto praesidi. Tunc videns Iudas, qui eum trádidit, quod damnátus esset, pæniténtia ductus, réttulit trigínta argénteos princípibus sacerdótum et senióribus, dicens: S. Peccávi, tradens sánguinem iustum. C. At illi dixérunt: S. Quid ad nos? Tu vidéris. C. Et proiéctis argénteis in templo, recéssit: et ábiens, láqueo se suspéndit. Príncipes autem sacerdótum, accéptis argénteis, dixérunt: S. Non licet eos míttere in córbonam: quia prétium sánguinis est. C. Consílio autem ínito, emérunt ex illis agrum fíguli, in sepultúram peregrinórum. Propter hoc vocátus est ager ille, Hacéldama, hoc est, ager sánguinis, usque in hodiérnum diem. Tunc implétum est, quod dictum est per Ieremíam Prophétam, dicéntem: Et accepérunt trigínta argénteos prétium appretiáti, quem appretiavérunt a fíliis Israël: et dedérunt eos in agrum fíguli, sicut constítuit mihi Dóminus. Iesus autem stetit ante praesidem, et interrogávit eum præses, dicens: S. Tu es Rex Iudæórum? C. Dicit illi Iesus: I. Tu dicis. C. Et cum accusarétur a princípibus sacerdótum et senióribus, nihil respóndit. Tunc dicit illi Pilátus: S. Non audis, quanta advérsum te dicunt testimónia? C. Et non respóndit ei ad ullum verbum, ita ut mirarétur præses veheménter. Per diem autem sollémnem consuéverat præses pópulo dimíttere unum vinctum, quem voluíssent. Habébat autem tunc vinctum insígnem, qui dicebátur Barábbas. Congregátis ergo illis, dixit Pilátus: S. Quem vultis dimíttam vobis: Barábbam, an Iesum, qui dícitur Christus? C. Sciébat enim, quod per invídiam tradidíssent eum. Sedénte autem illo pro tribunáli, misit ad eum uxor eius, dicens: S. Nihil tibi et iusto illi: multa enim passa sum hódie per visum propter eum. C. Príncipes autem sacerdótum et senióres persuasérunt populis, ut péterent Barábbam, Iesum vero pérderent. Respóndens autem præses, ait illis: S. Quem vultis vobis de duóbus dimítti? C. At illi dixérunt: S. Barábbam. C. Dicit illis Pilátus: S. Quid ígitur fáciam de Iesu, qui dícitur Christus? C. Dicunt omnes: S. Crucifigátur. C. Ait illis præses: S. Quid enim mali fecit? C. At illi magis clamábant,dicéntes: S. Crucifigátur. C. Videns autem Pilátus, quia nihil profíceret, sed magis tumúltus fíeret: accépta aqua, lavit manus coram pópulo, dicens: S. Innocens ego sum a sánguine iusti huius: vos vidéritis. C. Et respóndens univérsus pópulus, dixit: S. Sanguis eius super nos et super fílios nostros. C. Tunc dimísit illis Barábbam: Iesum autem flagellátum trádidit eis, ut crucifigerétur. Tunc mílites praesidis suscipiéntes Iesum in prætórium, congregavérunt ad eum univérsam cohórtem: et exuéntes eum, chlámydem coccíneam circumdedérunt ei: et plecténtes corónam de spinis, posuérunt super caput eius, et arúndinem in déxtera eius. Et genu flexo ante eum, illudébant ei, dicéntes: S. Ave, Rex Iudæórum. C. Et exspuéntes in eum, accepérunt arúndinem, et percutiébant caput eius. Et postquam illusérunt ei, exuérunt eum chlámyde et induérunt eum vestiméntis eius, et duxérunt eum, ut crucifígerent. Exeúntes autem, invenérunt hóminem Cyrenaeum, nómine Simónem: hunc angariavérunt, ut tólleret crucem eius. Et venérunt in locum, qui dícitur Gólgotha, quod est Calváriæ locus. Et dedérunt ei vinum bíbere cum felle mixtum. Et cum gustásset, nóluit bibere. Postquam autem crucifixérunt eum, divisérunt vestiménta eius, sortem mitténtes: ut implerétur, quod dictum est per Prophétam dicentem: Divisérunt sibi vestiménta mea, et super vestem meam misérunt sortem. Et sedéntes, servábant eum. Et imposuérunt super caput eius causam ipsíus scriptam: Hic est Iesus, Rex Iudæórum. Tunc crucifíxi sunt cum eo duo latrónes: unus a dextris et unus a sinístris. Prætereúntes autem blasphemábant eum, movéntes cápita sua et dicéntes: S. Vah, qui déstruis templum Dei et in tríduo illud reædíficas: salva temetípsum. Si Fílius Dei es, descénde de cruce. C. Simíliter et príncipes sacerdótum illudéntes cum scribis et senióribus, dicébant: S. Alios salvos fecit, seípsum non potest salvum fácere: si Rex Israël est, descéndat nunc de cruce, et crédimus ei: confídit in Deo: líberet nunc, si vult eum: dixit enim: Quia Fílius Dei sum. C. Idípsum autem et latrónes, qui crucifíxi erant cum eo, improperábant ei. A sexta autem hora ténebræ factæ sunt super univérsam terram usque ad horam nonam. Et circa horam nonam clamávit Iesus voce magna, dicens: I. Eli, Eli, lamma sabactháni? C. Hoc est: I. Deus meus, Deus meus, ut quid dereliquísti me? C. Quidam autem illic stantes et audiéntes dicébant: S. Elíam vocat iste. C. Et contínuo currens unus ex eis, accéptam spóngiam implévit acéto et impósuit arúndini, et dabat ei bíbere. Céteri vero dicébant: S. Sine, videámus, an véniat Elías líberans eum. C. Iesus autem íterum clamans voce magna, emísit spíritum.

Hic genuflectitur, et pausatur aliquantulum.

Et ecce, velum templi scissum est in duas partes a summo usque deórsum: et terra mota est, et petræ scissæ sunt, et monuménta apérta sunt: et multa córpora sanctórum, qui dormíerant, surrexérunt. Et exeúntes de monuméntis post resurrectiónem eius, venérunt in sanctam civitátem, et apparuérunt multis. Centúrio autem et qui cum eo erant, custodiéntes Iesum, viso terræmótu et his, quæ fiébant, timuérunt valde, dicéntes: S. Vere Fílius Dei erat iste. C. Erant autem ibi mulíeres multæ a longe, quæ secútæ erant Iesum a Galilaea, ministrántes ei: inter quas erat María Magdaléne, et María Iacóbi, et Ioseph mater, et mater filiórum Zebedaei. Cum autem sero factum esset, venit quidam homo dives ab Arimathaea, nómine Ioseph, qui et ipse discípulus erat Iesu. Hic accéssit ad Pilátum, et pétiit corpus Iesu. Tunc Pilátus iussit reddi corpus. Et accépto córpore, Ioseph invólvit illud in síndone munda. Et pósuit illud in monuménto suo novo, quod excíderat in petra. Et advólvit saxum magnum ad óstium monuménti, et ábiit.

No Getsêmani — 36Então Jesus foi com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse aos discípulos: « Sentai-vos aí enquanto vou até ali para orar ». 37Levando Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. 38Disse-lhes, então: « Minha alma está triste até a morte. Permanecei aqui e vigiai comigo ». 39E, indo um pouco adiante, prostrou-se com o rosto em terra e orou: « Meu Pai, se é possível, que passe de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas como tu queres ». 40E, ao voltar para junto dos discípulos, encontrou-os adormecendo. E diz a Pedro: « Como assim? Não fostes capazes de vigiar comigo por uma hora! 41Vigiai e orai, para que não entreis em tentação, pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca ». 42Afastando-se de novo pela segunda vez, orou: « Meu Pai, se não é possível que esta taça passe sem que eu a beba, seja feita a tua vontade! » 43E ao voltar de novo, encontrou-os dormindo, pois os seus olhos estavam pesados de sono. 44Deixando-os, afastou-se e orou pela terceira vez, dizendo de novo as mesmas palavras. 45Vem, então, para junto dos discípulos e lhes diz: « Dormi agora e repousai: eis que a hora está chegando e o Filho do Homem está sendo entregue às mãos dos pecadores. 46Levantai-vos! Vamos! Eis que meu traidor está chegando ».

Prisão de Jesus — 47E enquanto ainda falava, eis que veio Judas, um dos Doze acompanhado de grande multidão com espadas e paus, da parte dos chefes dos sacerdotes e dos anciãos do povo. 48Seu traidor dera-lhes um sinal, dizendo: « É aquele que eu beijar; prendei-o ». 49E logo, aproximando-se de Jesus, disse: « Salve, Rabi! » e o beijou. 50Jesus respondeu-lhe: « Amigo, para que estás aqui? » Então, avançando, deitaram a mão em Jesus e o prenderam. 51E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, desembainhou a espada e, ferindo o servo do Sumo Sacerdote, decepou-lhe a orelha. 52Mas Jesus lhe disse: « Guarda a tua espada no seu lugar, pois todos os que pegam a espada pela espada perecerão. 53Ou pensas tu que eu não poderia apelar para o meu Pai, a fim de que ele pusesse à minha disposição, agora mesmo, mais de doze legiões de anjos? 54E como se cumpririam então as Escrituras, segundo as quais isso deve acontecer? » 55E naquela hora, disse Jesus às multidões: « Como ao ladrão, saístes para prender-me com espadas e paus! Eu sentava no Templo ensinando todos os dias e não me prendestes ». 56Tudo isso, porém, aconteceu para se cumprirem os escritos dos profetas. Então todos os discípulos, abandonando-o, fugiram.

Jesus diante do Sinédrio — 57Os que prenderam Jesus levaram-no ao Sumo Sacerdote Caifás, onde os escribas e os anciãos estavam reunidos. 58Pedro seguiu-o de longe até o pátio do Sumo Sacerdote e, penetrando no interior, sentou-se com os servidores para ver o fim. 59Ora, os chefes dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam um falso testemunho contra Jesus, a fim de matá-lo, 60mas nada encontraram, embora se apresentassem muitas falsas testemunhas. Por fim, se apresentaram duas 61que afirmaram: « Este homem declarou: Posso destruir o Templo de Deus e edificá-lo depois de três dias ». 62Levantando-se então o Sumo Sacerdote, disse-lhe: « Nada respondes? O que testemunham estes contra ti? » 63Jesus, porém, ficou calado. E o Sumo Sacerdote lhe disse: « Eu te conjuro pelo Deus Vivo que nos declares se tu és o Cristo, o Filho de Deus ». 64Jesus respondeu: « Tu o disseste3. Aliás, eu vos digo que, de ora em diante, vereis o Filho do Homem sentado à direita do Poder e vindo sobre as nuvens do céu. » 65O Sumo Sacerdote então rasgou suas vestes, dizendo: « Blasfemou! Que necessidade temos ainda de testemunhas? Vede: vós ouvistes neste instante a blasfêmia. 66Que pensais? » Eles responderam: « É réu de morte ». 67E cuspiram-lhe no rosto e o esbofetearam. Outros lhe davam bordoadas, 68dizendo: « Faze-nos uma profecia, Cristo: quem é que te bateu? »

Negações de Pedro — 69Pedro estava sentado fora, no pátio. Aproximou- se dele uma criada, dizendo: « Também tu estavas com Jesus, o Galileu! » 70Ele, porém, negou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes. » 71Saindo para o pórtico, outra viu-o e disse aos que ali estavam: « Ele estava com Jesus, o Nazareu ». 72De novo ele negou, jurando que não conhecia o homem. 73Pouco depois, os que lá estavam disseram a Pedro: « De fato, também tu és um deles; pois o teu dialeto te denuncia ». 74Então ele começou a praguejar e a jurar, dizendo: « Não conheço este homem! » E imediatamente o galo cantou. 75E Pedro se lembrou da palavra que Jesus dissera: « Antes que o galo cante, três vezes me negarás ». Saindo dali, chorou amargamente.

27 Jesus é conduzido à presença de Pilatos — 1Chegada a manhã, todos os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo convocaram um conselho contra Jesus, a fim de levá-lo à morte. 2Assim, amarrando-o, levaram-no e entregaram-no a Pilatos, o governador.

Morte de Judas — 3Então Judas, que o entregara, vendo que Jesus fora condenado, sentiu remorsos e veio devolver aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos as trinta moedas de prata, 4dizendo: « Pequei, entregando sangue inocente ». Mas estes responderam: « Que temos nós com isso? O problema é teu ». 5Ele, atirando as moedas no Templo, retirou-se e foi enforcar-se. 6Os chefes dos sacerdotes, tomando as moedas, disseram: « Não é lícito depositá-las no tesouro do Templo, porque se trata de preço de sangue ». 7Assim, depois de deliberarem em conselho, compraram com elas o campo do Oleiro para o sepultamento dos estrangeiros. 8Eis porque até hoje aquele campo se chama « Campo de Sangue ». 9Com isso se cumpriu o oráculo do profeta Jeremias: E tomaram as trinta moedas de prata, o preço do Precioso, daquele que os filhos de Israel avaliaram, 10e deram-nas pelo campo do Oleiro, conforme o Senhor me ordenara.

Jesus diante de Pilatos — 11Jesus foi posto perante o governador e o governador interrogou-o: « És tu o rei dos judeus? » Jesus declarou: « Tu o dizes ». 12E ao ser acusado pelos chefes dos sacerdotes e anciãos, nada respondeu. 13Então lhe disse Pilatos: « Não ouves de quanta coisa te acusam? » 14Mas ele não lhe respondeu sequer uma palavra, de tal sorte que o governador ficou muito impressionado. 15Por ocasião da Festa, era costume o governador soltar um preso que a multidão desejasse. 16Nessa ocasião, tinham eles um preso famoso, chamado Barrabás. 17Como estivessem reunidos, Pilatos lhes disse: « Quem quereis que vos solte, Barrabás ou Jesus, que chamam Cristo? » 18Ele sabia, com efeito, que eles o haviam entregue por inveja. 19Enquanto estava sentado no tribunal, sua mulher lhe mandou dizer: « Não te envolvas com esse justo, porque muito sofri hoje em sonho por causa dele ». 20Os chefes dos sacerdotes e os anciãos, porém, persuadiram as multidões a que pedissem Barrabás e que fizessem Jesus perecer. 21O governador respondeu-lhes: « Qual dos dois quereis que vos solte? » Disseram: « Barrabás ». 22Pilatos perguntou: « Que farei de Jesus, que chamam de Cristo? » Todos responderam: « Seja crucificado! » 23Tornou a dizer-lhes: « Mas que mal ele fez? » Eles, porém, gritavam com mais veemência: « Seja crucificado! » 24Vendo Pilatos que nada conseguia, mas, ao contrário, a desordem aumentava, pegou água e, lavando as mãos na presença da multidão, disse: « Estou inocente desse sangue. A responsabilidade é vossa ». 25A isso todo o povo respondeu: « O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos ». 26Então soltou-lhes Barrabás. Quanto a Jesus, depois de açoitá-lo, entregou-o para que fosse crucificado.

A coroação de espinhos — 27Em seguida, os soldados do governador, levando Jesus para o Pretório, reuniram contra ele toda a coorte4. 28Despiram-no e puseram-lhe uma capa escarlate. 29Depois, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lhe na cabeça e um caniço na mão direita. E, ajoelhando-se diante dele, diziam-lhe, caçoando: « Salve, rei dos judeus! » 30E cuspindo nele, tomavam o caniço e batiam-lhe na cabeça. 31Depois de caçoarem dele, despiram-lhe a capa escarlate e tornaram a vesti-lo com as suas próprias vestes, e levaram-no para o crucificar.

A crucifixão — 32Ao saírem, encontraram um homem de Cirene, de nome Simão. E o requisitaram para que carregasse a cruz de Jesus. 33Chegando a um lugar chamado Gólgota, isto é, lugar que chamavam de Caveira, 34deram-lhe de beber vinho misturado com fel5. Ele provou, mas não quis beber. 35E após crucificá-lo, repartiram entre si suas vestes, lançando a sorte6. 36E, sentando-se, ali montavam-lhe guarda. 37E colocaram acima da sua cabeça, por escrito, o motivo da sua condenação: « Este é Jesus, o Rei dos judeus ». 38Com ele foram crucificados dois ladrões, um à direita, outro à esquerda.

Jesus na cruz é escarnecido e injuriado — 39Os transeuntes injuriavam-no, meneando a cabeça 40e dizendo: « Tu que destróis o Templo e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo, se és Filho de Deus, e desce da cruz! » 41Do mesmo modo, também os chefes dos sacerdotes, juntamente com os escribas e anciãos, caçoavam dele: 42 « A outros salvou, a si mesmo não pode salvar! Rei de Israel que é, que desça agora da cruz e creremos nele! 43Confiou em Deus: pois que o livre agora, se é que se interessa por ele! Já que ele disse: Eu sou filho de Deus ». 44E até os ladrões, que foram crucificados junto com ele, o insultavam.

A morte de Jesus — 45Desde a hora sexta até a hora nona, houve treva em toda a terra. 46Por volta da hora nona, Jesus deu um grande grito: « Eli, Eli, lamá sabachtáni7? », isto é: « Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste? » 47Alguns dos que tinham ficado ali, ouvindo-o, disseram: « Está chamando Elias! » 48Imediatamente um deles saiu correndo, pegou uma esponja, embebeu-a em vinagre e, fixando-a numa vara, dava-lhe de beber. 49Mas os outros diziam: « Deixa, vejamos se Elias vem salvá-lo! » 50Jesus, porém, tornando a dar um grande grito, entregou o espírito.

Aqui ajoelha-se e faz-se uma breve pausa.

51Nisso, o véu8 do Santuário se rasgou em duas partes, de cima a baixo, a terra tremeu e as rochas se fenderam. 52Abriram-se os túmulos e muitos corpos dos santos falecidos ressuscitaram. 53E, saindo dos túmulos após a ressurreição de Jesus, entraram na Cidade Santa e foram vistos por muitos. 54O centurião e os que com ele guardavam a Jesus, ao verem o terremoto e tudo mais que estava acontecendo, ficaram muito amedrontados e disseram: « De fato, este era filho de Deus! » 55Estavam ali muitas mulheres, olhando de longe. Haviam acompanhado Jesus desde a Galiléia, a servi-lo. 56Entre elas, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.

O sepultamento — 57Chegada a tarde, veio um homem rico de Arimatéia, chamado José, o qual também se tornara discípulo de Jesus. 58E dirigindo-se a Pilatos, pediu-lhe o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que lhe fosse entregue. 59José, tomando o corpo, envolveu-o num lençol limpo 60e o pôs em seu túmulo novo, que talhara na rocha. Em seguida rolando uma grande pedra para a entrada do túmulo, retirou-se.

CREDO…

Concluímos a Ante-Missa com essa profissão de fé.

Breve compêndio das verdades cristãs e Símbolo da fé católica. Com a Igreja, afirmemo-las publicamente e renovemos a profissão de fé que fizemos no Batismo.

Ofertório / Salmo 68. 21-22

Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito. Três elementos o constituíam antigamente: apresentação das oferendas, canto de procissão, oração sobre as oblatas.

Impropérium exspectávit cor meum et misériam: et sustínui, qui simul mecum contristarétur, et non fuit: consolántem me quæsívi, et non invéni: et dedérunt in escam meam fel, et in siti mea potavérunt me acéto.

Meu coração só aguarda impropérios e miséria; esperei que alguém se entristecesse comigo, e ninguém houve; procurei quem me consolasse e não encontrei; por alimento eles me deram fel, e em minha sede, com vinagre me abeberaram.

Secreta

É a antiga « oração sobre as oblatas », ponto de ligação entre o Ofertório e o Cânon.

É neste último que se faz propriamente a oblação do sacrifício.

Concéde, quǽsumus, Dómine: ut oculis tuæ maiestátis munus oblátum, et grátiam nobis devotionis obtineat, et efféctum beátæ perennitátis acquírat. Per Dominum nostrum Iesum Christum.

Concedei, Senhor, Vos pedimos, que o dom oferecido aos olhos de vossa Majestade nos obtenha a graça da submissão e a recompensa de uma feliz eternidade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Communio / Mateus 26. 42

Alternando com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão dos fiéis.

Nas Missas cantadas, se canta, enquanto o sacerdote toma as abluções e recita as orações seguintes em que se pedem para a alma os frutos da Comunhão.

Pater, si non potest hic calix transíre, nisi bibam illum: fiat volúntas tua.

Pai, se este cálice não pode passar de mim sem que eu o beba, faça-se a tua vontade.

Postcommunio

Súplica a Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.

Fazei, Senhor, que pela ação deste Mistério, sejam expiados os nossos vícios e cumpridos os nossos justos desejos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Meditação

O Triunfo de Jesus

Ó Jesus, quero seguir-Vos no Vosso triunfo para Vos acompanhar depois até ao Calvário.

1 — A Semana Santa começa com a lembrança da entrada triunfal do Senhor em Jerusalém, no domingo que precede a Sua Paixão. Jesus, que sempre Se tinha oposto a toda a manifestação pública e que fugira quando as multidões quiseram fazê-lo rei (cfr. Jo. 6,15), deixa-Se hoje levar em triunfo. Só agora, que Se dirige para a morte, aceita ser aclamado publicamente como Messias porque, morrendo sobre a cruz, será de um modo mais pleno, o Messias, o Redentor, o Rei, o Vencedor. Aceita ser reconhecido como Rei, mas um Rei que reinará pela cruz, que triunfará e vencerá por meio da morte de cruz. A mesma multidão exultante que hoje O aclama, O amaldiçoará dentro de poucos dias e O conduzirá ao Calvário; assim, o triunfo de hoje dará mais publicidade e realce à Paixão de amanhã.

Jesus entra triunfalmente na cidade santa, mas é para aí sofrer, para morrer. Isto explica o duplo significado da Procissão dos Ramos: não se trata só de acompanhar Jesus em triunfo, mas de O acompanhar à Paixão, prontos a partilhá-la com Ele, procurando segundo a exortação de S. Paulo (Ep. Fil. 2, 5-11), fazer nossos os sentimentos de Jesus, sentimentos de humildade e de imolação total que nos devem conduzir como Ele e com Ele « até à morte e morte de cruz ». As palmas, os ramos de oliveira bentos que hoje nos entrega o sacerdote, não têm só um significado festivo, mas « simbolizam a vitória que Jesus alcançará sobre o príncipe da morte » (MR.). Devem significar também a nossa vitória; também nós devemos merecer a palma da vitória, vencendo primeiro o mal que existe em nós, nas nossas más tendências e depois o mal que está à nossa volta. Quando recebermos o ramo bento renovemos a nossa promessa de querer vencer com Jesus, mas não nos esqueçamos de que Ele venceu sobre a cruz.

2 — Jesus consente em ser levado em triunfo, mas como é humilde e manso no Seu triunfo! Ele sabe que no meio do povo gritando hosanas se escondem os Seus inimigos que, com malignas insinuações, conseguirão converter aqueles « hosanas » em « crucifige »; sabe-o e podia impor-Se-lhes com o poder da Sua divindade, podia desmascará-los publicamente, frustrando os seus planos. Jesus não quer vencer e reinar pela força, mas pelo amor, pela doçura. Muito a propósito nota o Evangelista: « Dizei a filha de Sião: Eis que o Teu rei vem a ti, manso, montado sobre um jumento » (Mt. 21, 15). Com esta mesma mansidão, Ele, o inocente, o único verdadeiro Rei e Vencedor, consentirá em aparecer como um réu, condenado e vencido, como um rei de comédia. E assim atrairá tudo a Si, quando for levantado sobre a cruz.

Enquanto o cortejo prossegue triunfante, Jesus vê desenhar-Se a Seus pés o panorama de Jerusalém. E — nota S. Lucas (19, 41-44) — « quando chegou perto, ao ver a cidade, chorou sobre ela, dizendo: ‘Se ao menos neste dia tu conhecesses ainda o que te pode trazer a paz!… Os teus inimigos não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não conheceste o tempo da tua visita ». Jesus chora a obstinação da cidade santa que, por não O ter reconhecido como Mestre, por não ter aceitado o Seu Evangelho, será destruída pela raiz. Jesus é verdadeiro Deus, mas é também verdadeiro homem e, como tal, vibra de comoção e de dor pela triste sorte que Jerusalém preparou para si com a sua obstinada resistência à graça. Ele já caminha para a Paixão e morrerá também pela salvação de Jerusalém; contudo Jerusalém não será salva porque não quis, « porque não conheceu o tempo da Sua visita ». É esta a história de tantas almas que resistem à graça, é este o motivo do sofrimento mais profundo e mais íntimo do coração dulcíssimo de Jesus. Ao menos tu, alma piedosa, dá ao Senhor a alegria de te ver aproveitar plenamente os méritos da Sua dolorosíssima Paixão, de todo o Seu Sangue derramado. Quando resistes aos convites da graça, resistes à Paixão de Jesus e impedes que ela te seja aplicada em toda a Sua plenitude.

Extraído do Livro Intimidade Divina­ — P. Gabriel de Santa Maria Madalena O.C.D. Segunda edição (Traduzida da 12ª edição italiana) — 1967.