Por Beato Manoel González
O dom dificilmente conhecido.
O dom de Deus! O dom de Deus! Tu o conheces, meu sacerdote?
Não te estranhes nem te queixes de minha pergunta.
Aconteceram umas coisas muito estranhas com esse dom de Deus até chegar a se conhecido de seus sacerdotes!
Se leste devagar meu Evangelho, e sobretudo, se através de suas letras procuraste com a meditação entrar no espírito que as vivifica, terás descoberto que Eu vim à terra com o decidido e principal propósito de nela ficar entre meus filhos.
Minha Eucaristia não é no Evangelho uma casualidade, um acidente, uma de tantas coisas belas, um milagre a mais, um de seus benefícios… não, não. É algo, é infinitamente mais que isso, é uma idéia dominante, uma revelação constante e claramente feita, um fim sempre buscado, e se me permites, uma grande obsessão.
E verás o que foram fazendo os homens à medida que Eu lhes ia dando a conhecer minha Eucaristia.
História de dificuldades
Foi anunciada por primeira vez à continuação de um grande milagre de multiplicação de pães e peixes, e mal insinuei as novas e indefinidas multiplicações de meu Pão, os que me ouvem, os saciados de meu outro pão, olham-me com semblante carregado, chamam dura minha palavra, voltam-me as costas e… vão embora.
Continuo aproveitando as ocasiões que me são apresentadas para seguir descobrindo aos que não foram embora, o dom de Deus que Eu preparava, e… não se dão conta, e, o que é mais triste, não se preocupam por se inteirarem.
Perguntam-me sobre meu reino, sobre a libertação de Israel, sobre o pagamento dos tributos, sobre a supremacia de uns sobre outros… Sobre a Eucaristia que lhe preparava, nem uma palavra!
Chegou a noite, “ardentemente desejada”, de realizar o que tinha anunciado e cumprir o prometido.
Institui minha Eucaristia!
Dei-a a comer e a beber aos meus sacerdotes!
E – que pena causa dizê-lo – meus sacerdotes continuaram discutindo a antiga questão da supremacia (quem era o maior), menos um que se dedicou à torpe tarefa de buscar-me compradores e verdugos…
Este e aqueles – como se tal dom não tivessem recebido – continuaram pensando, sentindo, temendo e agindo da mesma forma como se não tivessem a Eucaristia!
Dom escassamente agradecido
Quando nasci, Anjos e pastores celebram meu nascimento e se mostram agradecidos apesar de minha pobreza e aniquilamento; quando me apresentei ao templo, apesar de meu rigoroso anonimato, não faltam um ancião e uma anciã que me agradeçam e preguem; quando nasci para minha vida de Sacrário, apesar de meus anúncios, de meus milagres, de minha santidade, de minhas promessas de bens temporais e eternos para os que comerem de mim… nem um estremecimento de alegria, nem um gesto de agradecimento, nem uma lágrima de consolação, nem uma palavra sequer de “recebido”. Nada!