Um pontifical histórico

Aos nove de fevereiro de dois mil e quatorze, às onze da manhã, na capital paulista, numa das igrejas históricas desta cidade, teve lugar uma missa muito mais que simplesmente festiva. Em dezoito de janeiro desse ano completaram dez anos de assistência semanal dos padres da Administração Apostólica Pessoal S. João Maria Vianney aos fiéis paulistanos. Uma história que começa, na verdade, antes de 2004. Bem antes. Mas que ficou marcada a partir de 18/01/2004 pelo fato de as missas que eram duas vezes no mês (e no ABC paulista), passarem a ser semanais e no coração da cidade, atrás da catedral.

Nesses dez anos alguns sacerdotes marcaram a vida dos fiéis de São Paulo. São eles – em ordem cronológica – os reverendíssimos padres José Edilson de Lima, José Henrique do Carmo (que não é sacerdote da Adm., mas muito amigo e próximo de D. Fernando e do clero da mesma) e Jonas dos Santos Lisboa. Claro que passaram outros sacerdotes por ali. Muitos aliás. Mas esses três tem lugar de destaque e logo vamos entender o motivo.

Pe. José Edilson foi aquele que desbravou, que começou tudo, no começo era ele que celebrava – façamos justiça aqui: muitas vezes eram Pe. Hélio Buck (in memorian) e Pe. Rafael Lugão que o substituíam – semanalmente. Vida corrida: atendia a paroquia dele de manhã, pegando a ponte aérea para celebrar em terras paulistanas à tarde. Pe. José Henrique sucedeu a Pe. José Edilson e ficou por uns anos também. Ele, muito querido até hoje pelos fiéis de lá, que desmembrou a missa. Missa que antes era somente às 16:30 do domingo e ele pôs mais dois horários: às 11 horas e ao meio dia do sábado (que também cumpre o preceito dominical). Além de ter fomentado a missa das primeiras sexta-feiras e primeiros sábados. Depois veio Pe. Jonas, que é o capelão dos fiéis de São Paulo até hoje. Ele formou um belo grupo de coroinhas, fez turmas de crisma – que estão sempre com procura, catecismo para os adultos, etc. E como ele foi dado aos fiéis de forma mais permanente, ou seja: não só nos fins de semana, as grandes celebrações como Semana Santa, Corpus Christi, Finados, Natal etc., passaram a ser vivamente celebradas e sempre com grande fluxo de fiéis.

E nesse último dia nove, tudo isso veio à tona com o belíssimo pontifical celebrado por S. Excia. Revma. Dom Fernando Arêas Rifan. Com um coral abrilhantando a cerimônia tanto com canto gregoriano como com cantos tradicionais em vernáculo, a missa foi muito rica e bela. Há mais de quarenta anos não tinha lugar em terras paulistanas uma Missa Pontifical na forma extraordinária do Rito Romano. Ainda mais numa igreja, como a Igreja do Carmo, histórica para SP. A igreja tomada de fiéis evidenciava que há muito a missa tridentina deixou de ser coisa de saudosistas. Viam-se sobretudo muitos jovens. Ajudaram como ministros maiores na santa Missa: Pe. José Henrique (como diácono) e Pe. Jefferson Pimenta, de S. Caetano (subdiácono). Pe. Jonas foi o presbítero assistente.

Na homilia Dom Fernando ressaltou a alegria de completar dez anos atendendo aos fiéis de São Paulo com a missa na forma extraordinária e ainda citou o Santo Padre, o papa Francisco, que se mostrou muito feliz com o trabalho da Administração e recordando um temor do Santo Padre de que ele faz eco: que se ideologize e instrumentalize a missa tradicional. E por fim, Dom Fernando cantou com os fiéis o Te Deum em gratidão. Era motivo mais que justo para um Te Deum! Um dos fiéis presentes disse que é em missas assim que um trecho do Credo fica muito vivo e real diante dos nossos olhos: “et unam, sanctam, catholicam et apostolicam ecclesiam”. De fato, o rapaz que disse isso tem razão. Que esse seja o primeiro de muitos pontificais ainda em terras bandeirantes.